Fazenda de algas marinhas: cultivo e importância

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Uma fazenda de algas marinhas é um local de  cultivo de algas marinhas de grande porte para comercialização. Esse tipo de estrutura tem como método a algacultura, uma prática antiga muito comum em países como Japão e China. No entanto, a técnica se expandiu pelo mundo devido aos seus benefícios para a alimentação, meio ambiente e utilização na indústria.

A fazenda de algas marinhas engloba, principalmente, o cultivo de macroalgas. Elas podem ter coloração vermelha, verde ou parda.

Como é feito o cultivo de algas marinhas no Brasil?

Segundo o Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais (GIA), a fazenda de algas marinhas é instalada na zona infralitoral, onde as algas estão sempre submersas. Além disso, a área escolhida também leva em consideração o tipo de solo para a fixação das algas e a circulação da água para estabilização de temperatura e salinidade. 

O Instituto também ressalta que existem três tipos de fazendas de algas marinhas, de acordo com as técnicas de cultivo utilizadas, sendo elas: linhas ou cordas de fundo, long-lines horizontais e long-lines verticais.

Linhas ou cordas de fundo (monolinhas)

Imagem de Ministério de Aquicultura e Pesca

Comum em países do continente asiático, esse sistema necessita de um nível de água entre 0,5 a 1,0 metro durante a maré baixa e um limite de 2 a 3 metros durante a maré alta. Assim, são fixadas duas estacas de madeira com uma distância de, aproximadamente, 5 a 10 metros com uma corda esticada entre elas. 

Dessa forma, pequenos pedaços de algas são amarrados na linha com intervalos de 30 cm entre cada.

Long-lines horizontais

Imagem de Ministério de Aquicultura e Pesca

Também chamada de bases flutuantes, essa técnica consiste na fixação de linhas por meio de poitas. Assim, são colocadas cordas entre essas linhas, onde são amarradas as algas. Para continuarem flutuando, as cordas possuem tubos de PVC fixados de forma perpendicular à sua posição. 

Long-lines verticais

Imagem de Ministério de Aquicultura e Pesca

Própria para o cultivo em locais mais profundos (3 m a 20 m), essa técnica requer um cabo fixado por duas poitas, que é mantido em suspensão por meio de flutuadores. Em seguida, são colocadas cordas de cultivo perpendiculares à corda principal. Tais cordas possuem pesos na parte de baixo, para mantê-las verticalmente submersas na água. Finalmente, as algas são amarradas e cultivadas.

O que é preciso para criar uma fazenda de algas marinhas?

Uma fazenda de algas marinhas é considerada como uma categoria de fazenda marinha, também chamada de aquicultura. Portanto, para ser instalada, é necessário autorização de algumas instituições especializadas. Assim, pode-se destacar a Secretaria de Aquicultura e Pesca (SAP), o Ibama e a Capitania dos Portos (marinha).

Onde tem mais algas marinhas?

O cultivo e presença de algas marinhas dependem de alguns fatores que determinam sua distribuição. Eles podem ser físicos, químicos ou biológicos, destacados a seguir:

  • Ondas: podem ser um fator limitante para a ocorrência de espécies de acordo sua altura e força de ação;
  • Substrato: a superfície que serve de base precisa ter condições próprias para a fixação das algas;
  • Temperatura: espécies de algas são distribuídas por meio da temperatura e clima. Um exemplo é a maior ocorrência de algas pardas em climas temperados;
  • Luz: diferentes espécies de algas necessitam de determinados comprimentos de ondas da radiação solar para realizar o processo de fotossíntese. Portanto, quanto mais funda é a coluna d’ água, menos é a incidência solar;
  • Salinidade: pode afetar o crescimento de algas em estuários e lagoas costeiras, pois prejudica sua osmorregulação (equilíbrio de água e sais no organismo);
  • Animais: a presença de determinadas espécies de animais, como moluscos, pode impossibilitar a fixação das algas no solo.

Qual a importância de uma fazenda de algas marinhas para o meio ambiente?

No contexto das mudanças climáticas, uma fazenda de algas marinhas pode contribuir para o sequestro de carbono por meio da fotossíntese. Um estudo publicado pela Nature afirmou que a aquicultura de algas marinhas poderia absorver quase 240 toneladas de CO2 até 2050. Isso equivale às emissões anuais de mais de 50 milhões de automóveis movidos a combustíveis fósseis. Dessa forma, conclui-se que elas desempenham um papel importante na redução do principal gás dentre os gases do efeito estufa (GEE).

Além disso, foi comprovado que o cultivo de algumas algas pode ajudar a limpar águas contaminadas. Uma fazenda de kelp (uma classe de algas marinhas) foi instalada na Baía de Shinnecock, nos Estados Unidos, que é caracterizada pelas suas águas poluídas e impróprias. 

O kelp, por sua vez, foi responsável por alimentar-se do excesso de CO2, nitrogênio e fósforo presentes na água. Como resultado, a proliferação de algas nocivas que matam plantas e animais marinhos na Baía diminuiu. 

Da mesma forma, as algas marinhas também agem como fertilizantes naturais no ambiente marinho e são importantes para a redução da acidificação dos oceanos por corrigirem o pH da água. 

Algas marinhas: incríveis benefícios e tipos

Outros usos de uma fazenda de algas marinhas

Alimentação

Por serem fontes de Ômega-3, as algas podem ser usadas como alimentação humana e animal diretamente ou por meio de suplementos alimentares. Além disso, elas são uma ótima fonte de proteínas e outros nutrientes importantes para a saúde.

Biocombustíveis

As algas podem ser usadas como matéria-prima para biomassa, podendo produzir biodiesel e bioetanol. Outro uso possível seria para o setor de hidrogênio.

Biodiesel de algas: uma alternativa para o futuro dos combustíveis?

Cosméticos

Devido às suas propriedades antioxidantes e de combate aos raios ultravioletas (UV), o extrato vegetal de algas é bastante usado na indústria farmacêutica para a produção de cremes anti-idade, protetores solares e cremes clareadores.

Carolina Hisatomi

Graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e protetora de abelhas nas horas vagas.

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