A fazenda de polvo é uma resposta da indústria pesqueira à demanda de carne de polvo, onde o objetivo é cultivar esses animais em tanques ou recintos artificiais para o consumo humano. Similar a outros produtos da aquicultura, esse cultivo é visto como intensivo e insustentável. Porém, além disso, especialistas acreditam que a prática também seja antiética.
Os polvos são animais “excepcionalmente inteligentes”, com personalidades únicas e temperamentais. Desde as primeiras instâncias onde o seu cultivo em fazendas foi debatido, críticos questionam a ética do projeto.
Os projetos para a criação da primeira fazenda de polvo são uma corrida entre países. Devido à demanda da produção de polvo, que duplicou entre 1980 e 2014, empresas trabalham em conjunto com alguns especialistas para criar condições apropriadas para o cultivo do animal. A empresa espanhola Nueva Pescanova, por exemplo, tem o objetivo de produzir até 3 mil toneladas de polvo por ano para o consumo humano .
Para os críticos, desde os primeiros projetos, a ideia de criação desses ambientes era inviável. Porém, grandes mudanças de perspectiva na criação de fazendas de polvos tiveram um impulso em 2020, após a Grã-Bretanha ter anunciado o polvo como um ser consciente.
A declaração foi feita a partir de aproximadamente 300 estudos com embasamento científico sobre o comportamento desses animais. A “descoberta” mostra que os polvos são capazes de sentir prazer, animação, alegria e o mais importante nesse caso — angústia e dano.
Desse modo, pela exploração desses animais dentro de uma potencial fazenda de polvo, especialistas se posicionaram contra a criação desses animais em cativeiro, defendendo o bem-estar de uma espécie ameaçada.
Comumente solitários, os polvos podem se tornar agressivos em proximidade com outras espécies e em recintos fechados, como tanques de aquicultura. Além disso, existem relatos onde esses animais, quando presos em cativeiros, comem seus próprios tentáculos por conta do estresse.
De acordo com cientistas, não existe a possibilidade de criação de uma fazenda de polvos com um alto bem-estar animal.
Mais de 350 mil toneladas de polvo são capturadas por ano, fazendo com que as populações selvagens desses animais entrem em declínio. Além disso, embora algumas empresas defendam a ideia de que práticas de aquicultura, como a fazenda de polvo, possam aliviar a pressão da pesca de outras espécies selvagens, um estudo de 2019 concluiu o oposto.
Acredita-se que a aquicultura pouco faz para compensar os danos causados pela pesca selvagem, além de potencialmente criar uma demanda maior para esses produtos.
Por outro lado, outros projetos de fazendas aquáticas para o cultivo de peixes já se provaram insustentáveis. As fazendas de salmão, por exemplo, são responsáveis pelo desperdício de milhões de toneladas de peixe por ano.
A maioria dos peixes selvagens são pescados para alimentar fazendas de salmão no mundo todo, influenciando a sobrepesca — que possui um grande impacto na biodiversidade marinha, podendo afetar a fertilidade e o crescimento desses animais.
Além disso, acredita-se que a sobrepesca coloca mais de um terço de tubarões, raias e outras espécies da vida marinha em risco de extinção. Embora não sejam o alvo das redes, uma infinidade de outras espécies acabam sendo levadas junto com os peixes-alvo, contribuindo para o desaparecimento de espécies e para a perda de biodiversidade marinha.
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