Quem transmite febre amarela é o mosquito. Macacos atuam como "anjos da guarda" dos humanos em relação à febre amarela
O surto de febre amarela gera uma grave ameaça a primatas da Mata Atlântica, espécies inclusive ameaçadas de extinção. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) emitiu um alerta à sociedade para reforçar a proteção dos macacos e evitar maus-tratos e violência provocados pela ação humana em áreas onde há casos da doença. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) disponibiliza o serviço Linha Verde (telefone 0800-61-8080 (ligação gratuita) e o e-mail (linhaverde.sede@ibama.gov.br) para que a população denuncie agressões aos animais.
“É importante que a população tenha plena consciência de que os macacos não são os responsáveis pela existência do vírus e nem por sua transmissão a humanos. Eles precisam ser protegidos. Além disso, a violência contra os animais é crime ambiental”, ressalta o diretor de Conservação e Manejo de Espécies do MMA, Ugo Vercillo. O vírus da febre amarela silvestre é transmitido por mosquitos (gêneros Haemagogus e Sabethes).
Situação
Em encontro com membros da comunidade científica realizado no começo de 2017, representantes do MMA e do Ministério da Saúde debateram a transmissão do vírus da febre amarela em primatas. Pesquisadores manifestaram preocupação com a situação de violência contra os macacos, especialmente nas áreas rurais. Eles alegam relatos de agressões no Estado de São Paulo e em outras regiões do país e comunicaram que “informações equivocadas estão levando pessoas a matarem macacos para supostamente se proteger da doença”.
É importante esclarecer a sociedade sobre os vetores de transmissão da doença e evitar que a desinformação cause violência e a matança dos macacos, a exemplo do que ocorreu em 2008 e 2009, quando macacos foram agredidos e mortos em Goiás e no Rio Grande do Sul por moradores que consideravam, equivocadamente, que os animais transmitiam febre amarela.
“Os primatas agem como verdadeiros anjos da guarda dos seres humanos, pois quando ocorre a morte desses animais em escala anormal em decorrência da febre amarela, como vem ocorrendo em determinadas regiões da Mata Atlântica, isso é um indicativo da presença do vírus. Essas informações podem subsidiar as ações do governo”, afirma Danilo Simonni Teixeira, presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia.
Segundo o especialista, por viverem no interior da mata, os macacos costumam ser os primeiros a serem infectados e, por isso, são chamados de animais-sentinela. Desta forma, eles acabam desempenhando uma importante função, já que sinalizam a circulação do vírus da febre amarela e isso permite às autoridades de saúde intensificar a vacinação, protegendo as pessoas que vivem ou visitam as regiões onde há surtos de febre amarela.
Ameaça
“O quadro é muito preocupante, já que uma parte significativa dos primatas da Mata Atlântica está sob ameaça de extinção. A morte desses animais traz enorme desequilíbrio ambiental, e isso não pode ser algo provocado pela ação humana”, afirma Ugo Vercillo. No bioma da Mata Atlântica, onde incide a febre amarela, entre os primatas ameaçados de extinção encontram-se o bugio e o macaco-prego-de-crista, além do muriqui do sul e do norte.
Fiscalização
Conforme a legislação ambiental, matar ou maltratar animais é crime, cuja pena pode chegar a um ano de detenção, além da aplicação de multa. De acordo com o Ibama, a população deve denunciar casos de violência contra animais da fauna brasileira pelo serviço Linha Verde. As denúncias são apuradas pelos órgãos competentes.
Serviço
- Linha Verde: para denúncias de crime ambiental
- Telefone: 0800-61-8080 (ligação gratuita)
- E-mail: linhaverde.sede@ibama.gov.br
Ligue 136 para informar às autoridades da área da saúde sobre a ocorrência de animais mortos ou com suspeita de febre amarela.