Entenda a diferença entre a fermentação de precisão e a fermentação convencional
A fermentação de precisão é um tipo de fermentação que usa microrganismos geneticamente modificados (OGMs) para produzir proteínas, enzimas e outros compostos específicos. Ela é uma forma de biologia sintética explorada na indústria alimentícia.
O termo “precisão” refere-se à capacidade de controlar com precisão o processo, desde a modificação genética dos microrganismos até a otimização das condições da fermentação. Nele, genes são inseridos no DNA de microrganismos específicos, o que impulsiona a produção do produto desejado.
Os microrganismos são, na maioria das vezes, tipos de leveduras, algas ou bactérias que são programados através de uma série de técnicas in vitro, como edição genética ou clonagem. Eles produzem um determinado material, geralmente proteínas e gorduras comestíveis que são biologicamente semelhantes aos produtos de origem animal.
O uso da fermentação de precisão na culinária é relativamente novo. No entanto, já se tornou o principal método de produção de diversos alimentos, como o coalho, na União Europeia.
Qual é a diferença entre fermentação e fermentação de precisão?
A fermentação é um processo metabólico que produz alterações químicas em substâncias orgânicas através da ação de enzimas liberadas por fungos e bactérias. O processo é comumente usado para produzir alimentos de origem animal, como queijos, leite e iogurtes.
Por outro lado, a fermentação de precisão é cada vez mais explorada na confecção de proteínas alternativas e outros alimentos de origem vegetal. Esse processo promove a digestibilidade, sabor, textura e nutrientes dos ingredientes vegetais existentes. Ou seja, acredita-se que o processo é capaz de produzir os mesmos ingredientes do que a carne, por exemplo, sem a exploração animal e com menos impactos ambientais.
A maior diferença entre o processo de fermentação de precisão entre o processo convencional é de que os microrganismos usados na fermentação de precisão são projetados para criar um produto final específico. Além disso, a técnica é vista como uma forma mais avançada de um tipo de fermentação metabólica.
Os benefícios da fermentação de precisão
Através da tecnologia de fermentação de precisão, é possível produzir alimentos sem o uso de seres vivos, solo ou práticas agrícolas convencionais. Isso, além de promover técnicas mais sustentáveis, também aumenta a produtividade da indústria alimentícia.
Em geral, a produção de comida causa, aproximadamente, 35% das emissões de gases do efeito estufa, o que equivale a um quarto de todas as emissões. No entanto, acredita-se que essa técnica de fermentação tenha o potencial de diminuir os impactos ambientais da indústria.
Um estudo estima que a fermentação de precisão utilizando metanol necessita de 1.700 vezes menos terra do que o meio agrícola mais eficiente de produção de proteína: a soja. Isto sugerem, também, que pode utilizar 138 mil vezes menos terra do que a produção de carne bovina.
Adicionalmente, os microrganismos usados também não necessitam de matérias-primas agrícolas. Os micróbios se alimentam de hidrogênio ou metanol — que podem ser produzidos a partir de energias renováveis.
Desvantagens
A tecnologia é relativamente recente na indústria alimentícia. Portanto, embora seus diversos benefícios, existe a possibilidade de uma maior transparência.
Muitas questões foram levantadas sobre a fermentação de precisão, como “o que há no meio de cultura celular e de onde ele é derivado?” ou “existem cadeias de abastecimento em vigor para fornecer esses meios nutritivos em escala?”, e quanto ao desperdício ou dejetos resultantes do processo?
Diversas lacunas devem ser preenchidas antes da produção em massa desses alimentos, o que abre espaço para um maior investimento de pesquisas sobre a área.