O fertilizante usado na atividade agrícola pode ser um grande contribuinte para a poluição de microplásticos, de acordo com uma nova pesquisa. O lodo derivado do tratamento de esgoto é popularmente utilizado como fertilizante na indústria, uma vez que contém grandes quantidades de fósforo e nitrogênio. Contudo, esse material também age como transporte de partículas de microplástico que contribuem para a contaminação dos campos de plantio.
A pesquisa, feita em conjunto pelas universidades de Cardiff e Manchester, no Reino Unido, reuniu amostras de uma estação de tratamento de águas residuais de Newport, uma cidade do País de Gales. A estação conta com o tratamento do esgoto de uma população de 300 mil habitantes.
A análise foi capaz de provar a existência de partículas de plástico que variavam entre um a cinco milímetros. Cada 24 gramas de lodo analisado continha cerca de 24 partículas de microplástico — número equivalente a 1% do peso total.
Em um cálculo total, os cientistas concluíram que cerca de 31 mil a 42 mil toneladas de microplásticos são despejadas em solos europeus por ano devido à utilização de fertilizantes de lodo de esgoto. De acordo com especialistas, esse número pode rivalizar a concentração do material presente no oceano.
Em 2019, cerca de 60% do lodo derivado de estações de tratamento de esgoto foram despejados por terras agrícolas, jardins e plantações domésticas.
Já em 2021, o uso desses fertilizantes foi apontado como perigoso por um outro estudo, que conseguiu comprovar a existência de produtos químicos eternos (PFAS) em suas composições. Os PFAS são substâncias tóxicas, com propriedades que permitem sua persistência no meio ambiente e no organismo de seres vivos, se bioacumulando e biomagnificando. A sua presença no meio ambiente é derivada da indústria, uma vez que são indevidamente descartados pelo sistema de esgoto convencional, quando na verdade deveriam haver sido objeto de um descarte adequado.
Os resultados da nova pesquisa conseguiram evidenciar a falta de remoção de microplásticos em estações de tratamento de águas residuais. Desse modo, os cientistas levantam uma questão importante: estes microplásticos estão realmente sendo removidos, ou são apenas realocados pelo meio ambiente?
Dentro da agropecuária, os microplásticos são responsáveis pela contaminação dos alimentos, além de serem capazes de absorver micro-organismos patogênicos, agrotóxicos e outros resíduos químicos nocivos que acabam na alimentação humana.
Anteriormente ao que foi analisado nas universidades de Cardiff e Manchester, a origem dos microplásticos na agropecuária era apontada pela irrigação e insumos no geral. Contudo, o estudo foi capaz de comprovar uma nova fonte de contaminação, que pode elevar a possibilidade de contaminação ainda mais.
Todos os efeitos do microplástico na saúde humana ainda não foram comprovados. Entretanto, diversos estudos já conseguiram apontar sua existência dentro do corpo humano, como na corrente sanguínea e nos pulmões.
Enquanto técnicas eficazes de remoção dos microplásticos não são desenvolvidas, a única prevenção para a poluição e contaminação é racionalização do consumo de plásticos pela sociedade, com efeito na busca de matérias primas menos ofensivas e a redução da produção do material.
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