De acordo com o estudo, a temperatura crítica além da qual a fotossíntese nas árvores tropicais começa a falhar é em média de aproximadamente 46,7 °C
As mudanças climáticas estão interrompendo o processo de fotossíntese de florestas tropicais, revelou um estudo publicado ontem (23) na revista científica Nature.
Os pesquisadores descobriram que mesmo quando o ar circundante é significativamente mais frio do que as próprias folhas, cerca de 0,01% das folhas individuais podem atingir uma temperatura crítica na qual as enzimas necessárias para a fotossíntese passam por um processo chamado desnaturação.
“Isso representa números realmente concretos para o que já sabemos intuitivamente: que está ficando quente demais para as árvores e para as florestas tropicais”, diz Stephanie Pau, ecologista de mudanças globais da Universidade Estadual da Flórida, que não esteve envolvida na nova pesquisa.
De acordo com o estudo, a temperatura crítica além da qual a fotossíntese nas árvores tropicais começa a falhar é em média de aproximadamente 46,7 °C.
O problema é que as florestas tropicais são cruciais para o armazenamento de carbono e a biodiversidade – e já estão bastante ameaçadas pelo desmatamento. Se folhas suficientes de uma árvore morrerem, a própria árvore também morrerá, o que significa que o aumento das temperaturas pode destruir essas florestas.
Os pesquisadores, que construíram um modelo de computador para tentar entender a rapidez com que o aumento das temperaturas pode matar as árvores tropicais, descobriram que um ponto de inflexão pode ocorrer quando as temperaturas médias locais aumentam cerca de quatro graus Celsius.
O estudo é importante, pois revelou que mesmo antes que as folhas (e eventualmente as árvores inteiras) morram, a fotossíntese desacelera à medida que as temperaturas sobem.
“Não precisa ficar tão quente para vermos uma mudança maciça nesses processos realmente grandes do sistema terrestre, como o carbono e a ciclagem da água”, diz a ecologista Pau.