Foie gras ético? Cientistas desenvolvem versão sustentável do prato francês

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O foie gras, prato francês feito com fígado de pato ou ganso submetido a alimentação forçada, pode estar com os dias contados. Cientistas do Instituto Max Planck de Pesquisa de Polímeros, na Alemanha, e da Universidade do Sul da Dinamarca desenvolveram uma versão que dispensa o controverso método de produção, mantendo o sabor e a textura originais. O estudo foi publicado na revista Physics of Fluids.

A equipe, liderada pelo pesquisador Thomas Vilgis, focou em um processo que utiliza lipases, enzimas naturais das próprias aves, para modificar a gordura do fígado. Essa técnica reproduz a cristalização da gordura, essencial para a consistência cremosa do foie gras tradicional, sem recorrer à engorda forçada. Testes com microscopia a laser e compressão mecânica confirmaram que a estrutura e a firmeza do produto são quase idênticas às do original.

A busca por alternativas ao foie gras convencional ganhou força nos últimos anos, especialmente em países onde a prática de alimentar aves à força é proibida. A inovação proposta pelos pesquisadores não apenas elimina a crueldade animal, mas também simplifica a produção. O método envolve extrair gordura e fígado, tratar a gordura com lipases, misturar os ingredientes e esterilizar o produto final.

Vilgis já registrou a patente da técnica e agora busca parcerias com empresas para levar a novidade ao mercado. Se bem-sucedida, a iniciativa pode democratizar o consumo de foie gras, tornando-o mais acessível e alinhado com as demandas por sustentabilidade e bem-estar animal.

Enquanto isso, consumidores e chefs terão de esperar para experimentar a versão ética do prato que, segundo os cientistas, promete manter todo o requinte gastronômico sem os dilemas morais.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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