FoodTech – fusão das palavras Food e Tech, ou Alimentos e Tecnologia – é um conceito que se refere a empresas e projetos que utilizam tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), big data e Inteligência Artificial (IA), entre outras, para transformar a indústria agroalimentar em um setor mais moderno, sustentável e eficiente em toda a cadeia de alimentação, desde o preparo dos alimentos até sua exposição em aplicativos de delivery e sua chegada ao consumidor final.
Esses projetos de pesquisa e desenvolvimento estão geralmente nas mãos de startups inovadoras, que têm investido muito em novos alimentos e novos produtos, na tentativa de fornecer soluções criativas e tecnológicas para desafios contemporâneos, como o crescimento populacional e suas repercussões na segurança alimentar, a digitalização da sociedade, os efeitos das mudanças climáticas, a falta de recursos naturais, o desperdício de alimentos e o impacto ambiental da produção de alimentos.
As novas tecnologias mudaram o mundo e as regras do jogo em muitos setores. A indústria de alimentos, por outro lado, ainda está se perguntando como aplicar inovações como big data ou a Internet das Coisas (IoT) aos seus negócios. Os desafios para o segmento de alimentação são numerosos, incluindo a sustentabilidade alimentar, e a indústria de tecnologia de alimentos está liderando o caminho.
A tecnologia é um dos ingredientes mais procurados em nosso atual sistema de alimentação, o que se reflete no aumento do investimento em projetos de inovação, como por exemplo os relacionados à Food Tech, pela indústria agroalimentar mundial. O setor tem como objetivo se adaptar aos novos tempos e atender às necessidades de consumidores cada vez mais exigentes com hábitos alimentares mais saudáveis e sustentáveis.
As empresas de tecnologia de alimentos respondem por uma pequena parte da indústria agroalimentar, mas se tornaram a vanguarda do setor. Algumas dessas startups são até cotadas no mercado de ações tecnológico Nasdaq dos Estados Unidos, como a Beyond Meat, famosa por seu hambúrguer feito em laboratório com insumos vegetais – que foi financiada por, entre outros, nomes renomados como Bill Gates, o cofundador da Microsoft, e o ator Leonardo Di Caprio.
O potencial das startups de Food Tech convence até analistas de mercado. Plataformas como Research and Markets oferecem estudos, incluindo a Global Food Tech Market Analysis & Forecast 2016-2022, que estimam que o valor total do setor será superior a 250 bilhões de dólares em 2022, graças em parte à popularização do comércio eletrônico, ao crescimento da internet e do penetração dos smartphones.
Com a crise econômica batendo à porta, a alta nos preços da carne e a maior divulgação dos malefícios da pecuária e do consumo de carne para o meio ambiente e a saúde humana, muitos consumidores têm voltado sua atenção para alternativas vegetais.
Mas muitos desses consumidores ainda sabem pouco sobre a florescente indústria de carne cultivada em laboratório e as empresas que buscam entregar um produto inovador projetado para destronar a carne tradicional.
A crise na produção de carne poderia ter representado uma oportunidade única para muitas empresas iniciantes de carne cultivada, ou carne de laboratório, para encontrar de vez seu lugar de destaque na indústria como alternativas viáveis de proteína.
No entanto, ainda não se pode prever quando – e com que velocidade – a carne cultivada poderá chegar à nossa mesa. Em parte, isso ocorre porque a produção de um produto revolucionário exige a receita certa: tecnologia simplificada, bom sabor e um custo de varejo que pode competir com a carne bovina, frango, porco e peixe convencionais. Muitas startups no espaço ainda não estão prontas para entregar seus produtos em grande escala.
Muitas startups de alimentos alternativos têm uma chance real de convencer seu público-alvo a se aquecer para um produto inovador. E muitas delas não querem necessariamente chegar ao mercado primeiro com apenas um produto médio. Elas querem apresentar algo excepcional, que de fato possa concorrer com a carne convencional.
A Aleph Farms, por exemplo, espera desenvolver bifes cultivados imitando a regeneração do tecido muscular das vacas. A empresa com sede em Israel ganhou as manchetes em outubro de 2019 quando se tornou a primeira empresa a produzir carne em um experimento de carne impressa em 3D na Estação Espacial Internacional, colaborando com Finless Foods, Soluções de Bioprinting 3D sediadas na Rússia e outras.
Um dos maiores desafios enfrentados pelos produtos cárneos cultivados é a replicação da textura, sabor e características nutricionais da carne convencional. E este é um processo ainda um pouco dificultoso.
Para desenvolver a carne cultivada em laboratório, os cientistas devem isolar as células-tronco de um animal e permitir que se multipliquem em um laboratório, regenerando músculos, gordura e tecidos.
Os investidores também avaliaram o interesse em produtos de proteína alternativos a partir de estudos de pesquisa de mercado e pesquisas com consumidores. Apesar do feedback relativamente positivo, as regulamentações governamentais representam outro obstáculo para as startups, pois as autoridades ainda têm muito terreno a percorrer no desenvolvimento de estruturas empresariais.
Em março de 2019, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e a Food and Drug Administration concordaram em compartilhar a responsabilidade regulatória por animais cultivados em células e produtos avícolas, o que foi um avanço para a indústria.
Espera-se que o FDA regule os processos que envolvem a coleta de células, bancos de células e crescimento celular, enquanto o USDA supervisionará a produção e a rotulagem de produtos de carne cultivados.
Além disso, as empresas de carne cultivada não terão apenas que competir com a popularidade crescente dos produtos plant-based, como também enfrentarão o ceticismo do consumidor sobre se a carne cultivada em laboratório pode ser tão boa quanto a carne convencional e se ela irá aguçar seu apetite da mesma forma.
Por outro lado, como há uma maior conscientização sobre resistência aos antibióticos, bem-estar animal e riscos ambientais, uma série de jovens startups baseadas no conceito de FoodTech têm apostado em ideias de negócios que envolvem carne cultivada em laboratório acessível e saborosa.
Essas ideias são sustentadas pela indústria de biotecnologia – e prometem revolucionar a indústria de alimentos. E, na verdade, essas ideias já saíram do papel há muito tempo. Resta saber quando – ou melhor, se – elas terão espaço na mesa dos consumidores.
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