Formigas podem substituir agrotóxicos e salvar abelhas, dizem cientistas

Um estudo internacional publicado no Journal Proceedings of Royal Society B descobriu que as formigas têm potencial para substituir os agrotóxicos em monoculturas. A descoberta é importante, pois, se aplicada, pode ajudar a proteger as abelhas dos efeitos nocivos dos pesticidas convencionais. 

As abelhas polinizam aproximadamente 70% dos cultivos alimentares, mas suas populações estão cada vez menores por causa da toxicidade de agrotóxicos como o glifosato, muito usado em monoculturas de soja, milho e feijão.  Os pesticidas do tipo neônico ou neonicotinoide deixam as abelhas desorientadas, prejudicando seus sistemas nervosos centrais.

Esse tipo de agrotóxico foi desenvolvido para prevenir, destruir, repelir ou mitigar qualquer “praga”. Dessa forma, ele serve para matar organismos que se proliferam em um ambiente em desequilíbrio, como no caso de monoculturas. De modo geral, os pesticidas neônicos são comumente utilizados em plantações e têm sido apontados por pesquisadores como uns dos principais contribuintes para o declínio das populações de abelhas. 

É claro que, antes de pensarmos em uma única solução para esse problema, precisamos lembrar que as pragas são problemas gerados pelo próprio sistema de monocultura, que promove desequilíbrio ecológico. Por isso, o ideal é que um sistema sustentável inclua a biodiversidade, como é defendido pela agroecologia. 

Entretanto, o novo estudo concluiu que as formigas podem proteger as plantações de danos tão bem quanto os pesticidas mesmo em monoculturas, o que ajudaria a mitigar o problema do uso dos agrotóxicos até uma transição agroecológica.

O estudo publicado no Journal Proceedings of Royal Society B descobriu que muitas espécies de formigas têm eficácia semelhante ou superior aos pesticidas, a custos mais baixos. As formigas protegem as plantações de pragas como lagartas e insetos. Seus túneis labirínticos também arejam o solo, ajudando as plantas a sugar oxigênio.

Os pesquisadores analisaram 26 espécies de formigas e descobriram que as criaturas podem ser uma “ferramenta promissora” na luta contra outras pragas. As formigas também podem causar danos às plantações, porque protegem pragas como pulgões e moscas-brancas – criaturas minúsculas que produzem melada, que as formigas gostam de comer. No entanto, esses perigos podem ser compensados ​​por meio de práticas de manejo ecologicamente corretas, como semear fontes alternativas de açúcar para as formigas comerem.