Uma investigação liderada pelo Repórter Brasil em conjunto com a Ecostorm indica que o frango importado para o Reino Unido pela empresa JBS pode estar associado ao desmatamento na Amazônia. De acordo com as informações divulgadas, as aves exportadas são alimentadas com soja e milho resultantes do desmatamento.
A JBS é a maior empresa de carne no mundo e responsável pela exportação de frango e carnes suínas e bovinas para a Europa, China, Oriente Médio e outros mercados internacionais.
Em setembro deste ano, membros do Parlamento Europeu assinaram uma lei anti-desmatamento cujo objetivo é proibir a comercialização de produtos ligados à destruição de florestas e violações de direitos humanos. No entanto, devido à saída da região da União Europeia, conhecida popularmente como Brexit, a lei não é aplicada no Reino Unido.
Mesmo assim, especialistas acreditam que a investigação evidenciou um ponto cego dentro das negociações de importação dessas mercadorias.
A investigação aponta que a alimentação dos animais exportados é derivada de locais desmatados da Amazônia e do Cerrado, como o Mato Grosso — onde uma fazenda de soja foi responsável pelo desmatamento ilegal de mais de 200 mil acres de terra.
Parte da mercadoria foi importada pelo subsidiário da JBS, Seara, que produz mais de 5 milhões de aves para consumo diariamente.
Frente a acusação, representantes da JBS divulgaram ao Repórter Brasil que exigem que todos os seus fornecedores de grãos assinem a moratória da soja, que proíbe a venda do alimento cultivado em terras desmatadas após 2008.
Em relato ao The Guardian, a empresa também anunciou que a alimentação dos animais atende critérios socioambientais em todos os biomas brasileiros, não aceitando produtos derivados de trabalho escravo, originários de quilombolas ou terras indígenas ou de fazendas localizadas em áreas de desmatamento ilegal.
Essa é a primeira vez que o frango brasileiro exportado ao Reino Unido foi associado ao desmatamento. Entretanto, não é a primeira vez que empresas britânicas estão no meio de questões relacionadas à cadeia de suprimentos de seus produtos.
Em 2020, uma investigação do The Guardian revelou que supermercados e restaurantes de fast food do Reino Unido estavam comprando frangos alimentados com soja da Cargill, um conglomerado agrícola dos EUA com operações no Brasil.
As descobertas da investigação ressaltam a importância de uma legislação mais abrangente dentro da exportação de carne, principalmente dentro da situação atual da Amazônia brasileira — que, de acordo com um relatório de 2022, possui danos quase irreversíveis em pelo menos 26% da área demarcada, chegando em um ponto de não retorno.
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