Frango lavado com cloro, ou frango clorado, se refere ao frango que foi tratado com agentes antimicrobianos para remover bactérias nocivas. Depois que as aves são abatidas e as carcaças evisceradas, elas são examinadas e, em seguida, passam por um procedimento de lavagem final, onde os produtos químicos são aplicados com spray ou em sistemas de lavagem na linha de processamento.
Em produções de grande escala, como aquelas que abastecem muitos mercados no Brasil, é aplicado cloro nas carcaças de frango antes de sua comercialização. O objetivo é eliminar possíveis patógenos como salmonela e campylobacter, para evitar infecções em consumidores de frango. De acordo com um relatório do Adam Smith Institute, dos Estados Unidos (EUA), imergir a carne de frango em uma solução de dióxido de cloro com determinada concentração reduz a prevalência de salmonela de 14%. Para se ter uma ideia, as amostras de frango da União Europeia (UE), normalmente contêm 15-20% de salmonela. Esta seria a explicação mais aceitável para esse tipo de prática. Entretanto, em 2017, investigadores da Polícia Federal, na operação intitulada “Carne Fraca”, informaram que grandes frigoríficos maquiavam a procedência das carnes, consideradas podres. O assunto gerou polêmica e ainda põe em debate a qualidade da carne brasileira.
De acordo com estudo publicado na revista científica Research Gate, normalmente a fonte de contaminação das carcaças de frango ocorre quando o trato intestinal se rompe, é cortado ou quando as fezes são expulsas da carcaça do frango. O estudo comparou a eficácia na eliminação de patógenos dos métodos de corte e lavagem com cloro. E chegou a conclusão de que não adianta apenas cortar a parte contaminada, realmente é preciso usar cloro para eliminar os patógenos.
A UE e os EUA têm uma disputa de longa data sobre as importações de aves tratadas com cloro, que os estados membros da UE se recusam a aceitar desde 1997. A disputa resultou em processos perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) e continua a ser um motivo de contenção nas relações comerciais entre União Europeia e Estados Unidos.
Uma das principais preocupações da UE é que o uso de tratamentos antimicrobianos como lavagens com cloro compensa o mau comportamento de higiene em outras partes da cadeia de abastecimento (por exemplo, em fazendas), e que os consumidores estão mais protegidos por um sistema que não permite que os processadores simples ‘saída’ de tratar seu frango com produtos químicos. Como resultado, os processadores da UE só podem usar ar frio e água para descontaminar carcaças de aves.
Os EUA contestam isso, dizem que a proibição não é baseada em evidências científicas e pouco mais do que protecionismo intencional destinado a proteger os produtores de aves da UE de importações mais competitivas.
Órgãos reguladores afirmam que lavar frango com cloro, incluindo dióxido de cloro, clorito de sódio acidificado, fosfato trissódico e peroxiácidos, é seguro para os consumidores. A agencia reguladora europeia de segurança alimentar, EFSA, examinou a questão do tratamento com cloro e concluiu que “as substâncias químicas nas aves não são susceptíveis de representar um risco de saúde imediato ou agudo para os consumidores”. Entretanto, essa alegação é controversa, uma vez que não se sabe as implicações dessa prática a longo prazo.
Muitos europeus argumentam que não se trata apenas de saber se o tratamento com cloro é seguro. Eles acreditam que uma abordagem do campo à mesa para evitar a contaminação por bactérias oferece melhores resultados de saúde pública em geral – e que permitir o tratamento com cloro desincentiva a indústria a adotar práticas de higiene adequadas.
Em um artigo de 2014, Monica Goyens do órgão do consumidor da UE escreveu: “Essencialmente, o que nos preocupa não é apenas o produto químico em si, mas sim o risco de que esses tratamentos sejam vistos como a“ solução fácil ”para limpar carne suja. Sejamos claros – nenhum enxágue químico jamais removerá todas as bactérias da carne altamente contaminada como resultado de falta de higiene.”
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