Fumaça de incêndio florestal pode causar danos à saúde
Incêndios florestais e queimadas de grandes proporções têm sido observados em diversas regiões do planeta. A exposição a altos níveis de poluentes atmosféricos emitidos durante esses eventos podem causar uma variedade de danos à saúde humana, como problemas respiratórios e câncer de pulmão.
Estudos afirmam que, quando inalados, os poluentes oriundos da fumaça, como monóxido de carbono e dióxido de carbono, são distribuídos pelo corpo na corrente sanguínea, provocando inúmeros problemas de saúde.
Quais os efeitos das queimadas na saúde humana?
Em geral, a fumaça de incêndio florestal resulta na má qualidade do ar.
Apesar de não serem facilmente vistos, os materiais particulados que ficam no ar após incêndios – especificamente, partículas que medem não mais do que 2,5 micrômetros – quando inalados, podem causar diversos danos à saúde. Em curto prazo, a exposição pode causar dificuldade para respirar, dor e ardência na garganta, dor de cabeça, lacrimejamento e vermelhidão nos olhos — afetando o sistema imunológico.
Além disso, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o material particulado proveniente da fumaça dos incêndios florestais está associado a mortes prematuras na população em geral e pode causar e agravar doenças dos pulmões, coração, cérebro/sistema nervoso, pele, intestino, rins, olhos, nariz e fígado.
De acordo com Guilherme Pulici, alergista e médico do Hospital de Urgências e Emergências da cidade de Rio Branco, “ao entrarem nos pulmões, as partículas aumentam a inflamação, o estresse oxidativo e provocam danos genéticos nas células do pulmão humano. O dano no DNA é tão grave que pode provocar incapacidade de sobrevivência ou a perda do controle celular. Assim, causando uma reprodução desordenada e evoluindo para câncer de pulmão”.
“Embora em um primeiro momento outros órgãos não pareçam ser afetados, já sabemos que, de forma direta ou não, a fumaça tem relação com o aumento da prevalência de infarto, AVC, maior risco de câncer e até doenças crônicas”, explica ele. Vale ressaltar que essas partículas podem ficar suspensas no ar durante dias. E com os ventos fortes podem ser carregadas para distâncias de milhares de quilômetros.
Pesquisas indicam que a fumaça é carregada de micróbios
Pesquisas indicam que a fumaça de incêndios florestais também está carregada de bactérias e fungos. Em vez de perecer, esses micro-organismos são transportados em partículas de carbono e vapor d’água. Enquanto o calor do incêndio impele toda a sujeira para o céu. Se eles terminarem em gotículas de água, isso pode protegê-los da dessecação enquanto viajam a favor do vento.
Quando um incêndio atinge uma paisagem, ele perturba o solo tanto diretamente quanto indiretamente. Todo aquele ar quente e ascendente cria um vazio atmosférico perto da superfície, fazendo com que mais ar entre pelas laterais. Isso pode produzir ventos fortes que varrem a terra, aerossolizando os fungos.
Os fungos presentes no solo levam à condição chamada coccidioidomicose, ou febre do vale, com sintomas que incluem febre e falta de ar. A condição pode progredir para pneumonia ou meningite, uma infecção dos tecidos que cercam o cérebro e a medula espinhal.
Conforme os incêndios florestais se tornam maiores e mais intensos, pesquisadores estão descobrindo um aumento preocupante nos casos de micoses. Por fim, os esporos de fungos podem atuar como um alérgeno e iniciar o desenvolvimento de asma na população. Eles têm sido associados à diminuição da função pulmonar, hospitalizações e aumento da mortalidade.
Causas dos incêndios florestais
Alguns biomas, como é o caso do Cerrado presente no centro-oeste brasileiro, possuem condições favoráveis para a ocorrência de queimadas, como:
- Clima quente e seco;
- Baixa umidade;
- Acúmulo de biomassa seca no solo;
- Ventos fortes;
- Presença de espécies de vegetais que produzem substâncias inflamáveis, como é o caso de gramíneas da espécie Echinolaena inflexa.
Para os locais que não apresentam as mesmas características, fatores como raios, fogos artificiais, balões, cigarros acesos jogados em áreas próximas à vegetação, podem começar incêndios, mas não são as causas mais comuns. O que causa maior impacto, devastando milhares de hectares, é a queimada utilizada para a expansão agropecuária. A prática é conhecida como agricultura de corte-e-queimada.
Em primeiro lugar, retira-se as árvores de médio e grande porte. Em seguida, o fogo é usado para queimar as vegetações rasteiras. Logo, abrindo uma nova área que será utilizada para criação de gado e para plantação agrícola, as principais atividades econômicas do Brasil. Os impactos à biodiversidade nessas áreas podem ser irreversíveis.
Dicas para quem mora em região onde há fumaça de incêndios florestais
- Evite praticar exercícios físicos entre 10h e 16h;
- Evite, sempre que possível, a proximidade com incêndios;
- Aplique óleos vegetais na pele após o banho para evitar perda de água;
- Use máscara ao sair na rua, evite aglomerações e locais fechados;
- Opte por uma dieta leve, com a ingestão de verduras, frutas e legumes;
- Mantenha uma boa hidratação, consumindo entre dois a três litros de água todos os dias;
- Evite sair em horários nos quais a umidade do ar está baixa, geralmente entre 12h e 16h;
- Use soro fisiológico para umidificar os olhos e o nariz constantemente, ou pratique jala neti;
- Evite banhos muito quentes e produtos com agentes químicos que tirem a umidade natural da pele;
- Mantenha os ambientes da casa e do trabalho fechados, mas umidificados, com o uso de vaporizadores, bacias com água e toalhas molhadas.
Impactos das fumaça das queimadas no meio ambiente
As queimadas são responsáveis por liberar gás carbônico (CO2) e metano (CH4) na atmosfera. Estes gases contribuem para o aquecimento global e podem mudar o clima da Amazônia.
Assim criando o ambiente propício para que outros grandes incêndios ocorram com mais frequência. Trata-se de um ciclo vicioso. A perda da maior reserva de biodiversidade do planeta e a poluição do solo e de ambientes aquáticos também são graves consequências.
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