A velocidade na rotatividade de equipamentos eletrônicos que consumimos gera uma quantidade absurda de resíduos, que poderiam ser reutilizados ou reciclados. O destino, na maioria das vezes, é o pior possível: os aterros sanitários e lixões. Contudo, antes de chegar ao fim de sua vida útil, os eletrônicos podem passar pelo processo de logística reversa, para remanufatura e reinserção na cadeia. Quando isso não é possível, a reciclagem deve ser feita.
A logística reversa consiste no controle do fluxo do pós-venda e pós-consumo desses equipamentos. Ou seja, ações, procedimentos e meios destinados para viabilização da coleta e restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial. Dessa forma, há o reaproveitamento ou outra destinação final ambientalmente adequada. Ela é um importante instrumento no reaproveitamento do descarte de equipamentos eletrônicos e ferramenta para o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A PNRS determina que fabricantes, varejistas e usuários sejam legalmente responsabilizados pelo descarte de equipamentos em desuso.
Para Ronaldo Stabile, diretor e fundador da Recicladora Urbana, importante empresa de logística reversa de resíduos eletrônicos, falta consciência sobre o impacto do descarte, “seja na imagem das empresas que descartam, seja diretamente na vida de todos do país e do planeta”.
De acordo com Ronaldo, os principais obstáculos enfrentados no cumprimento da legislação e da viabilidade da logística reversa são: a falta de conhecimento, de conscientização e de respeito no cumprimento da Legislação Ambiental (PNRS); a concorrência com empresas que vivem na informalidade; os custos elevados que a reciclagem e todo o processo de logística reversa têm; além da tributação na atividade de reciclagem e principalmente de remanufatura. “Não temos créditos na entrada e só débitos na saída de produtos. Peças e componentes obsoletos, que já foram amplamente tributados em toda a cadeia de produção e comercialização, são tributados novamente! Ou seja, somos equiparados a grandes fabricantes de equipamentos de TI”.
Além disso, Ronaldo relata que outro problema é no compartilhamento dos custos destas operações. “Todos, sem exceção, são responsáveis, pois usufruíram destes bens até se tornarem obsoletos e têm obrigações no descarte, como fazemos hoje com nosso lixo urbano”, comenta Ronaldo.
Após 35 anos de atuação no segmento de embalagens industriais, em uma empresa em que foi implementada a logística reversa nas embalagens de polietileno de alta densidade (PEAD), Ronaldo decidiu exercer esse tipo de atividade em outro segmento.
Da necessidade não só de viabilidade econômica, mas da busca por um impacto positivo na sociedade, surgiu a Recicladora Urbana e posteriormente o projeto Remakker. O projeto da Recicladora Urbana se baseou no modelo do CEDIR/LASSU-USP.
A Recicladora Urbana é uma empresa que facilita a adequação de empresas à PNRS. A empresa coleta resíduos eletrônicos que passam pelo processo de logística reversa para garantir o máximo aproveitamento do material, aumentando seu ciclo de vida, além de proporcionar reciclagem para os resíduos que não são remanufaturados. ”Assim, garantimos que estes equipamentos tenham nova utilidade dentro da economia e não se tornem simplesmente lixo”, explica Ronaldo.
Na Recicladora Urbana, os equipamentos considerados impróprios para a remanufatura passam por processamento (desmanufatura), gerando matérias-primas como metais ferrosos e não ferrosos que são introduzidos na cadeia produtiva (aço, cobre, etc). Componentes como baterias chumbo/ácido também seguem para empresas certificadas e voltam a ser baterias novamente. De acordo com Ronaldo, “nenhum destes materiais ou componentes são descartados em aterros sanitários, o objetivo é resíduo ou lixo zero”!
Já a Remakker é uma marca que oferece computadores com custo acessível, que atendem à legislação ambiental, a ações ambientais, à economia circular e ao consumo consciente (saiba mais sobre a Remakker).
A Recicladora Urbana é associada à Ellen McCarthur Foundation, principal organização mundial na promoção da economia circular (saiba mais sobre economia circular). Para Ronaldo, o conceito “é mais do que uma mudança no modelo econômico atual que já esta exaurido, é uma questão de sobrevivência do planeta. Continuar só retirando da natureza, transformar materiais em bens de consumo com obsolescência programada e apenas descartar está levando o modelo atual ao colapso”.
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