Espécies fundamentais para os ecossistemas sofrem com desmatamento, poluição e mudanças climáticas
Os fungos, responsáveis por sustentar a diversidade ecológica do planeta, enfrentam ameaças crescentes devido à expansão agrícola, queimadas e poluição. Um alerta recente da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) revela que, entre as 1.300 espécies de fungos avaliadas, pelo menos 411 estão em perigo de desaparecer. Esses organismos, essenciais para a saúde das florestas e dos solos, têm sido negligenciados, apesar de sua importância para o equilíbrio ambiental.
A lista vermelha da IUCN, que monitora espécies ameaçadas, inclui agora quase 170 mil variedades em risco, sendo mais de 47 mil em perigo crítico. No caso dos fungos, a avaliação abrange apenas uma pequena parcela das 150 mil espécies conhecidas, em um universo estimado de 2,5 milhões. Apesar de viverem ocultos no subsolo ou dentro da madeira, sua perda afeta diretamente a vida na superfície.
A destruição de habitats é o principal fator de risco. O desmatamento, motivado pela extração de madeira ou expansão agrícola, já comprometeu a sobrevivência de pelo menos 198 espécies. Florestas antigas, quando derrubadas, levam consigo fungos que não conseguem se recuperar em sistemas de manejo florestal rotativo. Um exemplo é o Tricholoma colossus, classificado como vulnerável após perder 30% de seu habitat em florestas de pinheiros da Finlândia, Suécia e Rússia desde os anos 1970.
A poluição também contribui para o declínio desses organismos. Resíduos de fertilizantes e emissões de motores ameaçam 91 espécies, incluindo o Hygrocybe intermedia, um cogumelo amarelo-alaranjado encontrado em campos da Escandinávia ao sul da Itália. Além disso, mudanças nos padrões de incêndios nos Estados Unidos, agravadas pelo aquecimento global, colocam em risco mais de 50 espécies.
A relação simbiótica entre fungos e plantas, que existe há mais de 400 milhões de anos, é vital para a resistência das florestas a secas e patógenos. Sua extinção enfraquece serviços ecossistêmicos, como o armazenamento de carbono no solo e a proteção de cultivos. Embora cogumelos comestíveis, como os porcinis e as cantarelas, não estejam entre os mais ameaçados, muitas variedades menos conhecidas, mas ecologicamente relevantes, estão desaparecendo.
A conservação desses organismos exige políticas que protejam seus habitats e reduzam os impactos da atividade humana. Sem ações urgentes, a perda de fungos pode desestabilizar ecossistemas inteiros, com consequências imprevisíveis para a biodiversidade e o clima.