Galinhas sentem emoções e você pode identificá-las por meio dos carcarejos

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Os seres humanos possuem uma notável capacidade de interpretar as emoções de outras criaturas, como demonstrado pelo recente estudo da Universidade de Queensland, liderado por Joerg Henning. Ao contrário do que se poderia esperar, os participantes, incluindo aqueles sem qualquer experiência anterior com galinhas, conseguiram identificar corretamente as emoções básicas dessas aves a partir de seus cacarejos.

O estudo, publicado na Royal Society Open Science, envolveu quase 200 participantes de diversas origens, destacando a surpreendente habilidade humana para compreender as emoções das galinhas. Mesmo diante de sons tão diversos, cerca de 70% dos participantes conseguiram associar corretamente os cacarejos às emoções correspondentes.

“Este é um resultado notável e reforça ainda mais as evidências de que os humanos têm a capacidade de perceber o contexto emocional das vocalizações feitas por diferentes espécies”, destaca Henning.

As galinhas, frequentemente incompreendidas e subestimadas, revelam-se como comunicadoras complexas. Apesar da falta de expressões faciais, elas compensam com uma ampla gama de vocalizações, transmitindo emoções que vão desde o cacarejar animado até os cantos especiais associados à postura dos ovos.

A pesquisa de Henning explorou a possibilidade de os humanos captarem essas nuances apenas pelo som, e os resultados foram surpreendentes. A familiaridade prévia com as galinhas não teve grande influência na capacidade de interpretar as emoções, sugerindo uma conexão mais inata do que aprendida.

A capacidade de compreender as emoções dos animais não é apenas fascinante, mas também ressalta nossa ligação profunda com o mundo natural. Ao sintonizarmos com essas sutilezas, não só compreendemos melhor os animais, mas também nos tornamos mais conscientes e responsivos ao nosso entorno. Esta sintonia pode ter raízes evolutivas, uma vez que identificar sinais de perigo em vocalizações animais provavelmente salvou a vida de nossos ancestrais.

A descoberta não é apenas teórica, mas também prática, desafiando as práticas convencionais na pecuária e agricultura industrial. Reconhecer as galinhas como seres dinâmicos e emocionais sugere uma abordagem mais ética e humana no trato com esses animais. Ao compreender seus estados emocionais, podemos melhorar o bem-estar das galinhas, fortalecendo assim nossa conexão com o mundo animal.

Henning enfatiza a importância de futuras pesquisas na identificação de sinais acústicos específicos, que poderiam ser utilizados em sistemas de detecção baseados em inteligência artificial para monitorar vocalizações em galinhas. Isso abriria caminho para avaliações automatizadas do bem-estar das aves em sistemas de manejo avícola ou até mesmo a adoção de filosofias respeitosas com os animais, como o veganismo.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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