O gaslighting médico indica um tipo de comportamento em que um profissional da saúde descarta ou minimiza os sintomas físicos de um paciente ou os atribui a outra coisa. O termo gaslighting deriva da peça Gas Light, de 1938, que mais tarde foi adaptada para um filme em que o marido manipula a esposa para questionar suas percepções da realidade e sua sanidade.
Em português, ‘gaslighting’ é traduzido como “manipulação” e definido como um tipo de abuso psicológico que faz o manipulado questionar sua sanidade, moral ou percepção.
Entretanto, segundo Karen Lutfey Spencer, PhD, professora de ciências da saúde e do comportamento na Universidade do Colorado em Denver, o termo “gaslighting médico” possui um significado diferente do original. De acordo com a especialista, o fenômeno em âmbito médico não é proposital.
“A palavra ‘gaslighting’ implica que alguém está tentando mexer propositalmente com a cabeça de outra pessoa, como o marido fez no filme. Mas temos muitos prestadores de cuidados de saúde bem-intencionados que não estão deliberadamente a tentar ‘manipular’ os seus pacientes”, disse ao WebMD.
De fato, o gaslighting médico não é sempre intencional. No entanto, ele pode ser uma resposta a questões sistêmicas.
Isso é ressaltado através de relatos e pesquisas sobre o fenômeno, que indicam as pessoas mais propensas a receber esse tipo de tratamento.
O problema do gaslighting médico ganhou tração por afetar desproporcionalmente mulheres, pessoas não brancas, pacientes geriátricos e pessoas LGBTQI+. Após uma matéria do The New York Times ter relatado como o atendimento médico pode desfavorecer alguns pacientes, pessoas contribuíram com mais de 2.800 comentários contando diagnósticos e tratamentos errados.
Um estudo publicado em 2014, por exemplo, comprovou que as mulheres têm maior probabilidade do que os homens de serem diagnosticadas erroneamente com certas condições – como doenças cardíacas e doenças autoimunes – e muitas vezes esperam mais tempo por um diagnóstico.
Outra pesquisa indicou que demorava mais para diagnosticar uma série de tipos diferentes de câncer nas mulheres do que nos homens. Adicionalmente, foi comprovado que mulheres sentindo dores abdominais eram menos propensas do que homens com o mesmo problema a receber analgésicos.
Além disso, um grupo de pesquisadores descobriu que profissionais da saúde são mais propensos a usar descritores negativos como “não conforme” ou “agitado” em pacientes negros.
Infelizmente, o gaslighting médico pode acontecer de forma sútil. Porém, existem várias maneiras comuns de identificar o comportamento, inclusive quando os profissionais de saúde:
Algumas frases comuns feitas na maioria dessas consultas médicas são:
Segundo a doutora Nicole Mitchell, diretora de diversidade, equidade e inclusão do departamento de obstetrícia e ginecologia da Escola de Medicina Keck da Universidade do Sul da Califórnia, é importante lembrar que cada paciente é mais propenso a entender o que está acontecendo com o próprio corpo.
“Sempre digo aos meus pacientes que eles são os especialistas em seu corpo. Trabalhamos juntos para descobrir o que está acontecendo e o que podemos fazer a respeito. Realmente deveria ser uma tomada de decisão compartilhada”, disse ao The New York Times.
Porém, a prática médica às vezes falha com os pacientes nesse quesito, criando margens para o gaslighting médico. Portanto, é importante saber como se proteger desse tipo de acontecimento.
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