Geoengenharia solar é o nome dado ao conjunto de tecnologias utilizadas para refletir a luz do Sol para longe da superfície da Terra. A finalidade é combater o problema do aquecimento global e as mudanças climáticas, gerados pelas emissões de carbono.
Entre as técnicas de geoengenharia solar utilizadas estão pintar edifícios de branco e enviar espelhos gigantes para o espaço. A implementação desse tipo de tecnologia, que parece saída de um filme de ficção científica, traz desafios científicos, políticos e éticos.
Além disso, refletir os raios solares não resolveria diretamente a causa raiz da crise climática e do aumento da temperatura média da Terra. Isso porque é a emissão antrópica de gases do efeito estufa, que retém a radiação solar na atmosfera, que aquece o planeta. No entanto, alguns pesquisadores reconhecem que a geoengenharia solar poderia reduzir significativamente os problemas resultantes do aquecimento.
Da mesma forma, acredita-se que ela também pode mitigar alguns de seus impactos associados ao meio ambiente.
A pulverização de partículas reflexivas no alto da atmosfera, conhecida como injeção de aerossol, é o tipo de geoengenharia solar mais comumente proposto.
A ideia é um análogo natural nas erupções vulcânicas. Quando um vulcão entra em erupção, às vezes envia uma nuvem de cinzas para a atmosfera.
Essa nuvem pode levar à produção de minúsculas partículas, conhecidas como aerossóis. Essas partículas se espalham e formam uma camada ao redor do planeta, refletindo a luz solar de volta ao espaço. Por causa disso, erupções vulcânicas anteriores levaram a quedas temporárias nas temperaturas globais.
Alguns pesquisadores dizem que, se a humanidade liberar aerossóis na estratosfera isso pode limitar o aumento das temperaturas de forma semelhante. Geoengenheiros financiados por Bill Gates, inclusive, pretendem combater as mudanças climáticas bloqueando a luz do Sol com poeira.
Quando se fala sobre a geoengenharia solar, um dos nomes mais proeminentes da área é de David Keith, professor de física aplicada e de políticas públicas na Harvard Kennedy School.
Segundo Keith, a técnica não deve substituir a mitigação das mudanças climáticas ou a redução e corte de emissões antropogênicas. Porém, pode ser usada para ajudar o mundo a manter a temperatura global a subir abaixo dos cruciais 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.
“Minha leitura é que há forte evidência de que a geoengenharia solar poderia reduzir significativamente alguns riscos climáticos na segunda metade deste século”, disse Keith à BBC News Brasil.
“Dada a evidência de que a elevação adicional de 1°C no calor prejudica mais as regiões mais quentes do planeta e dado que os mais pobres e mais vulneráveis estão concentrados em regiões quentes, parece provável que a geoengenharia solar seria particularmente efetiva em reduzir os riscos nesses lugares”, complementa.
Adicionalmente, Holly Jean Buck, autora do livro After Geoengineering – Climate Tragedy, Repair and Restoration, também defende que a geoengenharia solar deveria ser usada devido aos riscos oferecidos pelas mudanças climáticas.
Porém, os riscos da técnica podem pesar contra os argumentos à favor de alguns especialistas.
No entanto, isso pode resultar em alguns efeitos colaterais. Já que o dióxido de enxofre (gás que seria lançado) poderia causar aumento na chuva ácida. Modelos climáticos mostram consistentemente que a geoengenharia solar poderia reduzir a camada de ozônio, além de deixar o céu permanentemente nebuloso.
Além disso, a liberação de aerossóis não resolveria diretamente os níveis crescentes de dióxido de carbono (CO2). Pois, eles estão fazendo com que os oceanos se tornem mais ácidos e os cultivos menos nutritivos, entre outros problemas.
O estudo da geoengenharia solar se limita à modelagem por computador. Ela permite aos pesquisadores simular virtualmente a liberação de aerossóis para estudar seus impactos potenciais. Esses impactos se dariam em diferentes partes do sistema climático, desde chuvas até eventos climáticos extremos.
Se a liberação de aerossol for usada para compensar o aumento da temperatura global, ela poderá ser “super eficaz”. Por fim, fazendo com que algumas regiões enfrentem um aumento nas chuvas ou secas.
Outra preocupação social é que a tecnologia pode ser mal utilizada por atores individuais ou estados com intenções maliciosas, o que tira o foco da causa.
“Há algumas questões de governança muito desafiadoras”, disse Janos Pasztor, diretor executivo da Carnegie Climate Geoengineering Governance Initiative dos Estados Unidos e ex-secretário-geral assistente da ONU para mudanças climáticas, ao The Independent.
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