Geoengenharia: o que é e exemplos

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Geoengenharia, também chamada de geoengenharia climática ou intervenção climática, é um conjunto de tecnologias emergentes que podem atuar no meio ambiente compensando parcialmente alguns dos efeitos das mudanças climáticas no sistema climático.

Ela engloba duas principais categorias. Ambas são consideradas por estudiosos nesse campo como formas de evitar os perigos do aquecimento global, mas também podem ter impactos no meio ambiente.

A primeira categoria é a geoengenharia de carbono, também chamada de remoção de dióxido de carbono, que visa sugar o carbono da atmosfera. A segunda é a geoengenharia solar, que busca refletir parte da luz do sol para resfriar o planeta.

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Como funciona a geoengenharia?

Geoengenharia de carbono

As atividades humanas geram efeitos colaterais no meio ambiente. Os gases do efeito estufa, liberados na queima de combustíveis fósseis, têm feito com que a temperatura da Terra aumente de forma acelerada. As emissões de carbono são uma das principais causas para esse aquecimento.

Vários estudos indicam a necessidade de limitar o aquecimento global a menos de 2º C para evitar mudanças climáticas perigosas e irreversíveis. Nesse contexto, cientistas apontam que o corte de emissões de gases do efeito estufa é grande parte da solução para manter a temperatura global abaixo desse nível.

Assim, há algumas propostas de geoengenharia para remoção de carbono. Entenda algumas:

Captura de carbono

Foto de Chris LeBoutillier na Unsplash

Também conhecido como captura e armazenamento de carbono, evita que grande parte de gás carbônico seja liberado na atmosfera e intensifique os fenômenos de efeito estufa e aquecimento global. 

Essa tecnologia gerou tantas especulações que, em 2005, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) publicou um relatório especial sobre o tema. Seu objetivo foi gerar uma discussão sobre o assunto e informar os formuladores de políticas, engenheiros e cientistas envolvidos na área de mitigação de mudanças climáticas.

A técnica consiste em três partes principais: captura, transporte e armazenamento de carbono. A captura de carbono pode ocorrer por meio de três formas e processos diferentes: pré-combustão, pós-combustão e combustão de oxi-combustível.

A captura de carbono é feita para que o dióxido de carbono possa ser comprimido e transportado por meio de dutos – de mesma tecnologia daqueles que já transportam gás natural -, navios, caminhões, dentre outros meios.

Depois de transportado, o gás carbônico é armazenado cuidadosamente em formações geológicas selecionadas, que ficam localizadas a vários quilômetros abaixo da superfície da Terra. As opções de armazenamento costumam ser aquíferos profundos, cavernas ou domos de sal, reservatórios de gás ou óleo e camadas de carvão. Por serem encontradas em locais profundos, essas formações geológicas armazenam o dióxido de carbono bem longe da atmosfera, diminuindo os impactos de suas emissões.

Captura de carbono: o que é e como ocorre?

Fertilização oceânica

A fertilização dos oceanos aumentaria a absorção de CO2 do ar pelo fitoplâncton. O micro-organismo que reside na superfície do oceano ou bem próxima a ela.

Com essa proposta, espera-se que o fitoplâncton, depois de florescer, morra e afunde no fundo do oceano. Assim, levando consigo o CO2 que havia fotossintetizado em novos tecidos.

O oceano retém mais de 90% do calor contido nos gases de efeito estufa que produzimos em processos naturais. Ou seja, ele realiza o sequestro de uma quantidade enorme de CO2 , cerca de 30% das nossas emissões – é o segundo maior reservatório de CO2, ficando atrás apenas das reservas geológicas. 

Essa ideia também é chamada de bioengenharia, mas apresenta uma grande controvérsia em relação ao seu impacto ambiental. A fertilização envolveria a dissolução de ferro ou nitratos nas águas superficiais das regiões oceânicas para promover o crescimento do fitoplâncton onde a produtividade primária é baixa.

Autoridades do tema dizem que essa proposta levaria décadas para se concretizar. Além disso, alguns estudos sugerem que provavelmente a fertilização não teria o efeito desejado e poderia ser prejudicial. Afinal, o crescimento desenfreado de fitoplâncton pode levar a um aumento de toxinas e à diminuição do oxigênio dissolvido. De certa forma, prejudicando outros organismos e criando “zonas mortas”.

Geoengenharia solar

Uma das principais categorias da geoengenharia é a solar. Apesar de seu objetivo ser combater as mudanças climáticas, refletir os raios solares não resolvem diretamente a causa raiz da crise climática.

Quando se fala sobre a geoengenharia solar, um dos nomes mais proeminentes sobre a área é de David Keith, professor de física aplicada e de políticas públicas na Harvard Kennedy School.

Segundo Keith, a técnica não deve substituir a mitigação das mudanças climáticas ou a redução e corte de emissões antropogênicas. Porém, pode ser usada para ajudar o mundo a manter a temperatura global a subir abaixo dos cruciais 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.

Ainda assim é uma tecnologia defendida para ser utilizada com o objetivo de diminuir o aumento da temperatura global. Veja algumas propostas de geoengenharia solar:

Injeção de enxofre estratosférico

A injeção de aerossóis, formando uma camada de enxofre na estratosfera, aumentaria a dispersão da radiação solar iniciante.

Quanto mais radiação é espalhada na estratosfera por meio dos aerossóis, menos radiação é absorvida pela troposfera — nível mais baixo da atmosfera. Com isso, o clima se torna mais ameno. A geoengenharia defende que a injeção de enxofre imitaria os efeitos atmosféricos que seguem as erupções vulcânicas. Também tornando o clima da Terra mais ameno.

A erupção do Monte Pinatubo em 1991 é citada como a inspiração para essa proposta. Quando aconteceu, ela depositou grandes quantidades de material particulado e dióxido de enxofre na atmosfera. Foi relatado que essa camada de aerossol reduziu as temperaturas médias em todo o mundo em cerca de 0,5ºC.

Isso, entretanto, não resolveria os níveis crescentes de CO2 que tem contribuído com a acidificação dos oceanos. Além disso, é uma medida arriscada, porque o dióxido de enxofre pode causar aumento da chuva ácida.

Clareamento de nuvem

Clareamento de nuvem ou branqueamento de nuvem é uma proposta da geoengenharia. O intuito é reduzir parte da radiação solar que atinge a superfície da Terra.

Para isso, dispositivos de pulverização gigantescos seriam colocados em terra e montados em navios oceânicos. Eles expulsariam uma névoa de gotículas de água do mar pressurizada e sais dissolvidos a altitudes de até 300 metros.

À medida que as gotas de água evaporam, cristais permaneceriam para refletir a radiação solar incidente. Esses cristais também serviriam como núcleos de condensação e formariam novas gotículas de água. Por sua vez, aumentariam a cobertura geral das nuvens marinhas, refletindo mais radiação solar.

No entanto, trata-se de uma técnica limitada às áreas oceânicas. Além disso, sua aplicação em larga escala poderia causar fortes perturbações atmosféricas e oceânicas regionais ou locais. Isso inclui impactos potencialmente significativos na biodiversidade de ecossistemas terrestres e marinhos.

Apesar de visar a restauração climática ou ao menos a mitigação das mudanças, a geoengenharia traz preocupações em relação à eficácia e seus impactos ambientais. A principal questão é o fato da tecnologia não estar relacionada à raiz do problema.

Uma alternativa para combater as mudanças climáticas seria reduzir o consumo de carne de origem animal. Esse, por sua vez, reduz a emissão de gases do efeito estufa. Saiba mais sobre esses temas nas matérias:

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Equipe eCycle

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