Gerontologia: o que é e sua importância

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Gerontologia é o estudo do processo e problemas do envelhecimento em diferentes aspectos — incluindo biológicos, clínicos, psicológicos, sociológicos, jurídicos, econômicos e políticos. O envelhecimento é visto como mudanças progressivas que ocorrem em uma célula, um tecido, um sistema orgânico, um organismo total ou um grupo de organismos com o passar do tempo.

Entre os problemas enfrentados pela gerontologia estão: 

  • Problemas sociais e econômicos precipitados pelo número crescente de idosos na população.
  • Aspectos psicológicos do envelhecimento, que incluem desempenho intelectual e ajustamento pessoal.
  • Bases fisiológicas do envelhecimento, em conjunto com desvios patológicos e processos de doença.
  • Aspectos biológicos gerais aspectos do envelhecimento em todas as espécies animais.

É através dessa área que especialistas são capazes de agir em conjunto de comunidades e legisladores para fazerem escolhas de políticas públicas necessárias para idosos.

Idosos são retratados de forma estereotipada pela mídia

Qual é a diferença entre Gerontologia e Geriatria?

Diferentemente da gerontologia, a geriatria é uma área da medicina que lida com o diagnóstico, prevenção e tratamento de condições de saúde resultantes do processo de senescência. E, embora a senescência e o envelhecimento sejam, muitas vezes, usados como sinônimos, a diferenciação dos termos ajuda na distinção entre conceitos. 

Segundo Luna B. Leopold, geomorfologista e hidrologista estadunidense, o envelhecimento consiste em “processos associados ao acúmulo de maturidade no tempo, enquanto a senescência pode ser definida como os processos deteriorativos que são causas naturais de morte.”

Ou seja, enquanto a geriatria atua, principalmente, na área da saúde do idoso — incluindo cuidados paliativos — a gerontologia foca em todos os outros fatores associados ao processo de envelhecimento. 

Qual é a importância da gerontologia? 

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira idosa (acima de 60 anos) deve dobrar até o ano de 2042. Isso reflete um dos grandes desafios enfrentados mundialmente — o envelhecimento populacional. 

Devido à diminuição das taxas de fecundidade em conjunto com o aumento da expectativa de vida, a população mundial, consequentemente, envelhece. Isso resulta em uma necessidade maior em políticas públicas e outros projetos com o objetivo de priorizar a qualidade de vida de pessoas idosas. 

Enquanto a população idosa é cada vez mais presente, mais se reforça a necessidade de proteção e cuidado dessa geração. Além de vulnerável, essa parte da população também é inviabilizada dentro da sociedade. 

Problemas como o etarismo, por exemplo, devem ser levados em consideração no estudo da gerontologia para que os profissionais da área consigam lidar devidamente com os desafios enfrentados por idosos. 

Foi a partir desse conhecimento que especialistas da Universidade de São Paulo começaram a investir em pesquisas da área de gerontologia — focando, principalmente, em idosos que moram sozinhos. 

“Essa nossa pesquisa está dedicada a entender mais as questões relacionadas às pessoas idosas que moram sozinhas. Nenhum problema em morar só, mas o que nos chama atenção é o que precisamos em relação às políticas públicas: se as pessoas estão vivendo sozinhas por opção ou se é uma falta de opção, e de que maneira os serviços também enxergam essas demandas e fazem encaminhamentos quando necessários”, disse a professora Marisa Accioly, do curso de graduação em Gerontologia da EACH ao Jornal da USP

Impactos positivos

De acordo com a Escola de Gerontologia Leonard Davis da USC, o curso de gerontologia possui uma abordagem multidisciplinar para o estudo do envelhecimento, vendo problemas e oportunidades através de muitas lentes. Alguns de seus impactos incluem: 

Biológicos

  • Enfrentar os mistérios biológicos do desenvolvimento e do envelhecimento.
  • Desvendar os segredos do processo de envelhecimento celular.
  • Descobrir as raízes genéticas e fisiológicas das doenças.
  • Investigar soluções potenciais para retardar processos de envelhecimento.

Médicos

  • Descobrir novas terapias para tratamento e possíveis curas.
  • Fornecer soluções científicas e de saúde para populações idosas.
  • Expandir o acesso aos serviços de saúde para aqueles que necessitam.
  • Criar tecnologias para curar doenças relacionadas à idade.

Psicológicos

  • Explorar a criatividade e a humanidade únicas para cada mente, em cada idade.
  • Apoiar os idosos na promoção de um sentido de propósito e significado nas suas vidas.
  • Compreender como a emoção e a cognição mudam ao longo da vida.
  • Pesquisa e desenvolvimento de terapias para tratar doenças relacionadas à memória.
  • Encontrar maneiras de preservar as histórias.
  • Honrar a pessoa como um todo com atenção e cuidado individualizados.

Sociais

  • Concentrar-se nos pontos fortes e na sabedoria dos idosos.
  • Reconhecer os sacrifícios e lutas dos cuidadores.
  • Proporcionar dignidade e facilitar transições difíceis.
  • Combater o preconceito de idade.

Políticos

  • Buscar a igualdade através da defesa de direitos dos idosos.
  • Criar políticas e legislações que melhorem a saúde e o bem-estar.
  • Avaliar a eficácia de programas e políticas voltados à população idosa.
Foto de Georg Arthur Pflueger na Unsplash

Onde um gerontólogo pode atuar?

Pessoas que buscam cursos de graduação em gerontologia encontram trabalhos em hospitais, lares de idosos, centros de reabilitação e residências de pacientes. No entanto, isso depende do tipo de ocupação específica que decidirem exercer.

Na maioria das vezes, pessoas formadas em gerontologia exercem papéis administrativos nesses locais, servindo de ponte entre pacientes, clientes e provedores de serviço.

“Há muita transferibilidade de habilidades entre funções de trabalho”, diz Seth Matthews, reitor associado de ciências sociais da Universidade do Sul de New Hampshire.

Por outro lado, pessoas que buscam trabalhar com idosos através da pós-graduação no curso podem se envolver em outras áreas de acordo com a formação acadêmica anterior. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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