Parcerias público-privadas entre ONGs e governos africanos reduzem desmatamento e fortalecem a preservação ambiental
A colaboração entre governos e organizações não governamentais vem transformando a proteção ambiental em áreas vulneráveis da África Subsaariana. Um estudo publicado na renomada Proceedings of the National Academy of Sciences revelou que parcerias de gestão colaborativa (CMPs, na sigla em inglês) conseguiram diminuir o desmatamento em áreas protegidas, com reduções de até 66% em regiões sob maior pressão humana.
O modelo de CMPs delega a gestão de áreas extensas, muitas vezes superiores a milhares de quilômetros quadrados, para ONGs nacionais ou internacionais, estabelecendo contratos de longo prazo que podem durar até 40 anos. Essa abordagem inovadora viabiliza investimentos substanciais, direcionados à capacitação de guardas florestais, construção de infraestruturas, como usinas e estradas, e projetos para melhorar as condições de vida das comunidades locais, reduzindo sua dependência dos recursos naturais.
Desde o primeiro parque nacional criado em 1925 na República Democrática do Congo, os países da região têm enfrentado desafios para conservar sua rica biodiversidade, que abriga 13% das espécies do mundo e representa 20% das florestas globais. A gestão inadequada, aliada à falta de financiamento e governança, dificultava os esforços de conservação. No entanto, as CMPs surgiram como uma solução para reverter esse cenário, englobando mais de 127 áreas protegidas em 16 países até 2023.
Ao analisarem taxas de perda de cobertura florestal antes e depois da implementação das CMPs, os pesquisadores concluíram que a eficácia dessas parcerias é significativamente maior em regiões sujeitas à forte pressão antrópica. Além de proteger a biodiversidade, os investimentos nas áreas também beneficiam diretamente as populações vizinhas, criando um ciclo virtuoso de sustentabilidade e inclusão social.
Apesar dos resultados promissores, especialistas alertam que é essencial que os estados desenvolvam sistemas de monitoramento contínuos para avaliar o impacto dessas iniciativas no longo prazo. Estudos futuros também devem explorar como essas melhorias ambientais afetam diretamente as comunidades que habitam os arredores dos parques.
Essas parcerias destacam a importância da união entre esforços governamentais e ações de organizações civis para enfrentar crises ambientais globais. Em tempos de crescente degradação ambiental, o modelo africano de co-gestão reafirma que soluções sustentáveis são possíveis quando há investimento e compromisso de longo prazo.