Por Redação do Meio, especial para o WWF-Brasil | Tido por governos e grandes empresas como o combustível do futuro, o hidrogênio verde (H2V) é uma fonte de energia limpa, produzida a partir de fontes renováveis, como energia solar e eólica. Por não agredir o meio ambiente e ser um grande aliado no combate às mudanças climáticas, ele pode substituir combustíveis fósseis, como a gasolina, diesel e carvão na produção energética dos países. De olho nesse mercado em potencial e com plenas condições de desenvolvimento de hidrogênio para suprir os mais diferentes setores, como a indústria e os transportes, o Brasil pode se tornar uma potência energética ao explorar sua capacidade produtiva no setor de combustíveis verdes.
O governo brasileiro lançou em 2021 o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) com as diretrizes para desenvolver seu mercado de hidrogênio de maneira sustentável e competitiva globalmente. O documento defende que o país deve se posicionar no setor levando em consideração características próprias, como o potencial de recursos energéticos diversificados, infraestrutura portuária e logística favorável para sua inserção global, mas sem definir metas para consumo, produção e preço.
Para incentivar o uso dessa fonte é possível ir além e seguir o exemplo de companhias de energia e petroleiras, que já começaram a investir em atividades de baixo carbono para a geração de eletricidade renovável que abastecerá diferentes modais do transporte e da indústria, por exemplo. O vice-presidente sênior da consultoria Wood Mackenzie Ltd.,Tom Ellacott, em entrevista para a Bloomberg afirma que o H2V é a melhor opção para esse tipo de aposta porque é “um mercado de crescimento de longo prazo tão grande que está realmente no ponto ideal das principais em termos de sinergias com seus negócios existentes”. Segundo ele, “em algum momento, o petróleo e o gás terão que começar a cair para entrar na trajetória alinhada a Paris”, em alusão ao Acordo de Paris, compromisso firmado entre 195 países com o objetivo de reduzir a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera.
Na Austrália, uma grande petroleira está construindo parques solares e eólicos de 6,5 mil km² para produzir 26 gigawatts, o que corresponde a cerca de um terço de toda a eletricidade gerada no país. Quando concluir o projeto, espera-se conseguir cerca de 1,6 milhão de toneladas de hidrogênio verde ou nove milhões de toneladas de amônia verde por ano. Outra empresa francesa de produção e comércio de combustíveis, gás natural e eletricidade, fez uma parceria para investir US$ 50 bilhões no desenvolvimento de energia verde nos próximos 10 anos. A parceria pode chegar a um milhão de toneladas de produção de hidrogênio verde ao ano até 2030, sustentada por 30 gigawatts de energia limpa. Outras gigantes do setor global de petróleo e gás devem anunciar mais detalhes de seus projetos em breve.
Com esses exemplos, e tomadas de decisões importantes de governo, empresas brasileiras do ramo do petróleo deveriam migrar suas plataformas de combustíveis fósseis para fontes renováveis, como o hidrogênio verde. O setor produtivo e o país têm condições de aproveitar a fase atual deste mercado para incorporar novas matrizes energéticas, com fontes renováveis de energia, como o H2V.
Enquanto isso, outros países dão passos importantes e que podem alterar a cadeia de produção na corrida pelo hidrogênio verde. Com o objetivo de tornar a Índia um centro global da indústria de H2V, o governo aprovou no início deste mês US$ 2,3 bilhões em recursos para a produção, uso e exportação de cinco milhões de toneladas do combustível até o final desta década. A ideia, segundo o ministro da Informação e Radiodifusão da Índia, Anurag Thakur, é “tornar o hidrogênio verde acessível e reduzir seu custo nos próximos cinco anos. Também ajudar a Índia a reduzir suas emissões e a se tornar um grande exportador na área”. A medida deverá ajudar o país a adicionar cerca de 125 GWs de energia renovável até 2030.
Além da Índia, governos como os dos Estados Unidos também têm investido na fonte de energia limpa. O Congresso americano aprovou dois projetos de lei. Primeiro, a Lei de Investimento em Infraestrutura (IIA, na sigla em inglês) de 2021, que prevê US$ 9,5 bilhões para desenvolvimento de hidrogênio, sendo US$ 8 bilhões para a construção de quatro centros do elemento no país. A Lei de Redução da Inflação (IRA), de agosto do ano passado, vai permitir o investimento de US$ 370 bilhões em energias limpas, incluindo financiamento e incentivo fiscal para o hidrogênio. Outros créditos fiscais poderão ser aplicados para a produção do combustível limpo. A União Europeia também aprovou em setembro de 2022 um financiamento público de € 5,2 bilhões para projetos de hidrogênio, medida que pode liberar outros € 7 bilhões no setor privado.
Este texto foi originalmente publicado por WWF Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais