Está pensando em substituir a grama do seu quintal com a grama sintética? Aprenda mais sobre o produto antes de fazer a substituição
A grama sintética é uma superfície artificial de fibras sintéticas feita para parecer grama natural, geralmente composta por plástico e preenchida por um subproduto da borracha. Ela foi desenvolvida por James M. Faria e Robert T. Wright em Monsanto e instalada pela primeira vez em uma área de recreação de uma escola em Rhode Island em 1964.
Em primeira instância, a grama sintética parece uma boa alternativa à grama natural. Promessas de gramados que não requerem manutenção ou água atraem consumidores que preferem a estética mais “limpa” do gramado falso.
Dados do Google Trends, por exemplo, mostram que as pesquisas por “grama artificial” aumentaram 185% de maio de 2019 a 2020. Similarmente, uma pesquisa da Aviva descobriu que 10% dos proprietários de casas no Reino Unido com espaço externo substituíram pelo menos parte do gramado natural de seus jardins por grama artificial, e outros 29% planejam ou considerariam fazer a troca.
No entanto, ao longo do tempo, diversos estudos apontaram que a grama artificial pode oferecer riscos à saúde e ao meio ambiente.
Composição da grama sintética
A maioria dos impactos ambientais oferecidos pela grama sintética é uma consequência da composição do material. As gramas de uso doméstico ou dentro do paisagismo são normalmente feitas de polipropileno ou nylon (poliamida) — dois diferentes tipos de plástico.
Além de ser um poluente comum, o plástico derivado do petróleo também contribui para outros impactos ambientais, que incluem a emissão de gases do efeito estufa e a sua persistência em ecossistemas marinhos e terrestres.
E, embora o plástico seja um material reciclável, a grama sintética em si não pode ser reciclada. Ou seja, no final de sua vida útil (de aproximadamente 15 anos), o material é inutilizado e depositado em lixões e aterros sanitários.
Impactos ambientais
Vida selvagem
Inúmeras espécies de animais essenciais para a cadeia alimentar residem na grama natural. Porém, com a instalação de gramas decorativas artificiais, o acesso ao solo, onde reside parte das presas de pássaros e pequenos mamíferos, é impossibilitado. Isso, consequentemente, limita as fontes alimentares da vida selvagem e contribui para a diminuição populacional de diversas espécies.
Adicionalmente, a grama sintética também limita o acesso a materiais naturais, como serapilheira – essencial para a alimentação de organismos do solo, como minhocas e animais microscópicos, e manter o solo saudável.
Emissões de gases do efeito estufa
Como mencionado anteriormente, o plástico é o principal componente das gramas artificiais. Porém, além do impacto de sua produção, o transporte também contribui para emissões de gases do efeito estufa, enquanto a grama natural possui um importante papel na absorção de CO2 da atmosfera.
Poluição
Quando exposta aos eventos climáticos, como a precipitação e à incidência solar, substâncias químicas nocivas do plástico são liberadas, contribuindo para a contaminação do solo e de corpos d’água.
Por outro lado, os eventos climáticos também são responsáveis pela quebra do plástico e, consequentemente, pela formação de microplásticos. Os microplásticos são o resultado da degradação do plástico normal e categorizados como partículas do material cujo diâmetro é inferior a 5 milímetros.
Ao ser descartado ou até mesmo manuseado, o material se deteriora em pequenos fragmentos que viajam pelo ar, poluindo os cantos mais remotos da Terra.
Outros impactos da grama sintética
- Ilhas de calor: a grama artificial atinge temperaturas significativamente mais altas do que as alcançadas pela grama natural nas mesmas condições climáticas. Isso, por sua vez, contribui para a formação de ilhas de calor urbanas.
- Absorção d’água: essas gramas podem causar inundações, uma vez que absorvem menos de 50% da chuva que cai sobre elas.
Possíveis impactos à saúde humana
Diferentemente da grama sintética decorativa, a grama artificial usada em campos esportivos é comumente composta por grânulos de borracha de pneus reciclados. Entretanto, o seu uso foi limitado após estar potencialmente associada à morte de seis jogadores profissionais de beisebol na Filadélfia, que tinham a mesma forma rara de câncer.
Os pneus reciclados podem conter uma grande variedade de produtos químicos e cancerígenos, incluindo metais, como chumbo e zinco, e compostos orgânicos voláteis (COV).
Uma análise química da grama sintética realizada na Universidade de Yale encontrou 96 produtos químicos, 20% deles prováveis cancerígenos. Além disso, o material contém PFAS, comumente associados à redução da imunidade infantil, à desregulação endócrina e ao câncer.
Vale à pena?
Embora a manutenção da grama natural tenha alguns impactos, como o uso da água e de fertilizantes, os efeitos da grama sintética na saúde e no meio ambiente podem ser relativamente piores.
Ao todo, manter a grama natural, mas reduzir o tempo de irrigação e eliminar o uso de fertilizantes químicos, já pode diminuir consideravelmente parte dos impactos de sua manutenção.