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Estudo indica que a poluição pode afetar as habilidades cognitivas, entenda

As habilidades cognitivas são definidas como um grupo de habilidades naturais associadas à percepção, aprendizagem, memória, compreensão, consciência, raciocínio, julgamento, intuição e linguagem. Elas são utilizadas na execução de qualquer tarefa do dia a dia, das mais simples às mais desafiadoras. Entretanto, são mais associadas aos mecanismos de aprendizagem do que com qualquer conhecimento real. 

Esse conjunto de habilidades ocorre em redes neuronais. Por exemplo, habilidades de memória dependem principalmente de partes dos lobos temporais e partes dos lobos frontais. Portanto, podem ser afetadas por fatores externos, como o processo de envelhecimento. 

Ao longo do tempo, as habilidades cognitivas podem entrar em declínio, como o resto de outras funções corporais. Contudo, é possível desenvolvê-las e fortalecê-las através de exercícios e desafios ao cérebro, que mantêm o órgão ativo e alerta a possíveis estímulos. 

animais de estimação para idosos
Atividade física preserva cognição durante envelhecimento

Quais são as habilidades cognitivas? 

Existem quatro principais tipos de habilidades cognitivas, que agem em conjunto e são interligadas. São elas: 

Atenção 

A atenção é a capacidade de sustentar a concentração em um determinado objeto, ação ou pensamento por um período de tempo prolongado, ignorando possíveis distrações. Ela é comumente associada a outras habilidades, como a memória e a lógica. 

Prestar atenção é fundamental para a realização de inúmeras tarefas ao longo do dia. No entanto, essa habilidade pode ser comprometida e, portanto, deve ser fortalecida a partir de desafios cognitivos. 

Além disso, transtornos mentais, como o déficit de atenção, por exemplo, podem comprometer a capacidade do cérebro em manter a atenção. Nesses casos, o tratamento pode influenciar o desenvolvimento da habilidade. 

Memória

A memória envolve a capacidade de lembrar e recordar de informações armazenadas no passado. Essa habilidade é conhecida como memória de longo ou curto prazo, dependendo da região cerebral em que é armazenada. 

  • Curto prazo: possuem curta duração, que varia de 20 a 30 segundos. Ou seja, armazena informações temporariamente e, em seguida, as descarta ou as transfere para a memória de longo prazo. Este tipo se divide em memória imediata e memória de trabalho.
  • Longo prazo: memórias de longa duração, um pouco mais complexas do que as de curto prazo. Qualquer coisa que tenha acontecido há mais de alguns minutos poderia ser armazenada na memória de longo prazo.
O que são as falsas memórias e como identificá-las

Lógica e raciocínio

A lógica e raciocínio são habilidades cognitivas usadas na resolução de problemas e concepção de ideias. Ela permite a análise de situações que possibilitam um entendimento maior do mundo. 

Um exemplo do uso da lógica e do raciocínio é: ao ouvir um trovão, o ser humano associa-o à chuva, o que o leva à resolução lógica do problema — levar um guarda-chuva ao sair de casa. 

Processamento auditivo e visual

É definido como a habilidade de reagir a estímulos auditivos e visuais. Ou seja, envolve a interpretação de informações recebidas através dos sentidos. 

Enquanto o processamento auditivo permite a análise de sons, como alguém falando, o processamento visual permite pensar visualmente e processar informações visuais, como letras, números, cores e direções.

duas mulheres sentadas a uma mesa conversando, ilustrando as habilidades cognitivas de processamento auditivo e visual
Foto de Christina @ wocintechchat.com na Unsplash

Outras funções cerebrais consideradas habilidades cognitivas são: 

  • Habilidades motoras;
  • Funções executivas;
  • Linguagem;
  • Orientação. 

Como melhorar as habilidades cognitivas? 

Ao todo, as habilidades cognitivas são apenas isso: habilidades. Desse modo, requerem exercícios que possibilitam o seu desenvolvimento e previnem o seu declínio, que ocorre naturalmente com o tempo. 

Porém, cada vez mais evidências mostram que o declínio pode ser retardado e a capacidade cognitiva pode ser aumentada, com opções e práticas de estilo de vida adequadas. Veja alguns exemplos de exercícios que podem ajudar: 

Jogos cerebrais

Alguns jogos podem contribuir para o fortalecimento das funções cognitivas. Um estudo de 2017, por exemplo, comprovou que jogar poderia estar associado a uma diminuição do risco de comprometimento cognitivo em adultos mais velhos.

Similarmente, o jogo da memória pode testar a memória de curto prazo e a capacidade de lembrar padrões de uma pessoa. Outros jogos capazes de contribuir para a formação e fortalecimento das habilidades cognitivas incluem: 

  • Sudoku;
  • Quebra-cabeça;
  • Xadrez; 
  • Palavras cruzadas. 
Fazer palavras cruzadas ajuda na memória
Fazer palavras cruzadas ajuda na memória?

Atividades físicas

Embora as habilidades cognitivas sejam partes de processos psicológicos, a prática regular de exercícios físicos é capaz de fortalecê-las. As atividades físicas já se comprovaram benéficas tanto ao corpo, quanto ao cérebro. 

De fato, uma pesquisa de 2019 associou a prática de exercícios com a melhora dos seguintes aspectos da saúde do cérebro:

  • Memória;
  • Coordenação motora; 
  • Cognição. 

Dormir 

A falta de sono compromete as funções cognitivas e a capacidade do cérebro de se concentrar e processar memórias. 

As memórias são armazenadas pelo cérebro durante o sono, ocorrendo majoritariamente durante o sono não REM. Enquanto dormimos, o cérebro transfere as informações aprendidas no dia da memória de curto prazo para as memórias de longo prazo.

Segundo o National Institute of Neurological Disorders and Stroke dos Estados Unidos, a maioria dos adultos precisa de 7 a 9 horas de sono por noite, embora muitas pessoas durmam menos do que precisam.

Além de melhorar as habilidades cognitivas, é importante notar que o sono é essencial para a redução da fadiga mental — que pode comprometer as funções cognitivas. 

Ouvir música

Como já mencionado, o processamento auditivo e visual é um tipo de habilidade cognitiva responsável pelo entendimento da escrita e da audição. Portanto, ouvir música pode fortalecer essa função cerebral. 

Um estudo de 2018 descobriu que ouvir música que uma pessoa gosta envolve e conecta diferentes partes do cérebro. Desse modo, os pesquisadores propõem que isso pode levar a melhorias na função cognitiva e no bem-estar geral.

Benefícios da música
Benefícios da música para o cérebro

Influências externas

Além do envelhecimento, outros fatores e influências externas podem comprometer o desenvolvimento dessas habilidades. De acordo com um estudo da Universidade de Minnesota, por exemplo, existem ligações entre cognição humana e personalidade.

O estudo sintetizou dados de mais de 1.300 estudos representando mais de 2 milhões de participantes de 50 países e apresenta uma série de 79 traços de personalidade – da modéstia à agradabilidade – ao lado de 97 habilidades cognitivas – da velocidade de leitura à memória.

Entre as descobertas do estudo, pesquisadores notaram que: 

  • Indivíduos ativos e enérgicos tendem a ter um melhor domínio de várias habilidades cognitivas.
  • Pessoas com ansiedade ou depressão podem achar mais difícil acumular conhecimento ou raciocinar logicamente.
  • Pessoas compassivas tendem a ter melhores habilidades de conhecimento verbal e quantitativo.

Por outro lado, fatores como a poluição podem influenciar negativamente as funções cognitivas. Um time de pesquisadores da Escola de Negócios e Economia da Universidade de Maastricht, da Holanda, analisou isso através de jogos de xadrez. 

Ao todo, foram analisadas 30 mil jogadas de 121 jogadores em três torneios na Alemanha em conjunto com níveis de poluição medidos durante essas competições.

“Descobrimos que quando os indivíduos são expostos a níveis mais elevados de poluição atmosférica, cometem mais erros, e cometem erros maiores. Contra adversários comparáveis ​​na mesma rodada do torneio, estar exposto a diferentes níveis de qualidade do ar faz diferença na qualidade dos movimentos e na qualidade das decisões”, disse o co-autor do estudo, Juan Palacios, em um comunicado. 

Adicionalmente, outros estudos também já comprovaram os impactos negativos da poluição do ar na cognição e na saúde do cérebro. De fato, a exposição prolongada à poluição atmosférica é associada a danos cerebrais, enquanto a exposição aguda pode levar à neuroinflamação e ao stress oxidativo cerebral.


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