Habitantes do Sul global têm maior risco de morte por queda de lixo espacial

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De acordo com uma pesquisa recente da Universidade da Colúmbia Britânica, publicada na revista Nature, há uma chance de 10% de que um pedaço de lixo espacial de foguetes cause ferimentos graves ou mate uma pessoa nos próximos dez anos.  A maioria dos lançamentos espaciais não possui reentrada controlada, o que gera riscos de acidentes para pessoas no solo, no mar e em aviões. Esses riscos são tratados como insignificantes, mas o número de corpos de lixo espacial em órbita está crescendo. 

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Habitantes do Sul global têm maior risco de serem atingidos por fragmentos de lixo espacial

Os pesquisadores do estudo alertam que a distribuição de lançamentos e reentradas de corpos de foguetes faz com que o risco à vida humana seja desproporcionalmente maior para as populações do Sul Global, com os principais estados lançadores exportando o risco para o resto do mundo. Atualmente, as regiões com maior risco de acidentes por lixo espacial, apontadas no estudo, são Moscou, Washington, Pequim, Cidade do México, Lagos, Bogotá e Jacarta.

Os autores ressaltam que os governos nacionais cujas populações estão sendo colocadas em risco devem exigir que os principais estados lançadores de foguetes tomem providências para promover reentradas controladas de foguetes. Em 2020, mais de 60% dos lançamentos para a órbita baixa da Terra resultaram em reentrada atmosférica. Muitas fragmentos de objetos espaciais são potencialmente letais para pessoas que estão no solo, mar ou em aviões. 

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Necessidade de uma regulamentação internacional

Os autores do estudo apontam para o fato de não existir nenhum limite de risco internacional de acidentes. “As Diretrizes de Mitigação de Detritos Espaciais de 2010 da ONU recomendam que a reentrada de espaçonaves não represente ‘risco indevido para pessoas ou propriedades’, mas não definem o que isso significa.” Além disso, “Não há nenhum tratado vinculante que aborde reentradas de corpos de foguetes, além da Convenção de Responsabilidade de 1972, que estipula que ‘[um] Estado lançador será absolutamente responsável pelo pagamento de indenização por danos causados ​​por seu objeto espacial na superfície da terra ou a aeronaves em voo’”.

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Nesse cenário, é preciso que as nações prejudicadas se unam para exigir uma regulamentação significativa, que garanta que os estágios do foguete sejam guiados com segurança até a Terra após o uso. Apesar de aumentar o custo de um lançamento, controlar sua reentrada salva vidas.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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