Hera venenosa: como identificar a planta tóxica

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A hera venenosa (Toxicodendron radicans) é uma trepadeira ou arbusto venenoso da família Anacardiaceae, nativa do leste da América do Norte, mas que se estende desde o Canadá até partes da América do Sul. Além de ser conhecida por seu potencial venenoso, a planta ganhou muita tração através da personagem de quadrinhos com quem divide o nome, a Poison Ivy da DC Comics

Assim como a anti-heroína de Gotham City, a planta T. radicans produz uma toxina potente e com potencial alérgico. Ao entrar em contato com a pele, a hera venenosa pode causar diversos efeitos colaterais, incluindo uma inflamação pruriginosa e dolorosa, conhecida como dermatite de contato.

Devido ao seu veneno, é indicado que pessoas que trabalham com a botânica e jardinagem consigam realizar identificação da planta. Assim, evitando acidentes relacionados à sua toxicidade. Aprenda como reconhecer a hera venenosa

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Como identificar a hera venenosa

As plantas da espécie são altamente variáveis ​​​​no hábito de crescimento. Porém, suas folhas apresentam caracteristicamente três folíolos, que podem ser sem pelos e brilhantes ou peludos, inteiros ou dentados. Em geral, as folhas possuem uma forma oval e podem mudar de cor de acordo com a estação — são de um verde brilhante no início da estação de crescimento e amarelas e vermelhas no outono do hemisfério norte.

As flores do arbusto são pequenas e amarelas a verdes. Já os seus frutos, que são atribuídas à plantas do sexo feminino, são brancos ou esverdeados e servem de alimento para diversas espécies de pássaros. 

Mesmo que possua características identificáveis, a hera venenosa é de difícil identificação até para profissionais. Portanto, locais onde a planta é comum criaram uma rima para que crianças e outras pessoas não confundam-na com outras espécies: “leaves of three, let it be”, que pode ser traduzida livremente para “folhas de três, deixe para lá”. 

A partir da possível identificação, o recomendado é consultar um especialista em hera venenosa. Desse modo, o profissional saberá a melhor forma de lidar com a planta e como removê-la do local, se necessário. 

No entanto, é importante notar que a planta é extremamente benéfica para a região de que é nativa e, portanto, só deve ser removida se oferecer riscos. 

Imagem editada e redimensionada, disponível no Pl@ntNet pela licença CC BY-SA 4.0

Toxicidade 

Mesmo que ofereça alimentos para a fauna local, a hera venenosa possui, como já mencionado, uma alta toxicidade e pode causar reações alérgicas em pessoas e animais. Isso se deve a um composto produzido pela planta, o urushiol

O urushiol é produzido no suco resinoso dos dutos resinosos das folhas, flores, frutos e cascas de caules e raízes da trepadeira. E, de acordo com a American Skin Association, cerca de 85% da população dos EUA, onde a hera é nativa, é alérgica ao composto, com cerca de 10% a 15% de pessoas consideradas “altamente alérgicas”.

Anualmente, segundo a associação, cerca de 50 milhões de americanos entram em contato com a planta e requerem atendimento médico. Por isso, ela é considerada perigosa e, na maioria dos casos, deve ser removida após a sua identificação. 

Além disso, o urushiol pode ser transportado da planta em roupas, sapatos, ferramentas ou solo ou por animais ou pela fumaça da queima de plantas de hera venenosa, o que torna seu manuseio complicado. 

Como o veneno da hera venenosa funciona? 

O urushiol é um tipo de mecanismo de defesa da planta, responsável por afastar possíveis predadores. A resina contém uma mistura de compostos que podem se ligar às proteínas da pele em contato direto. Os compostos são então reconhecidos pelo sistema imunológico humano (células T), resultando em uma reação de hipersensibilidade, caracterizada por erupções cutâneas que coçam e queimam, podendo se desenvolver de 12 horas a 5 dias após a exposição.

Quase todo mundo que toca na hera venenosa apresenta reações alérgicas. Porém, existe um grupo de pessoas mais propensas a entrar em contato com a planta, como: 

  • Campistas;
  • Agricultores;
  • Jardineiros;
  • Zeladores;
  • Paisagistas.
  • Trabalhadores florestais;
  • Bombeiros florestais;
  • Pintores de casas.
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Sintomas da dermatite derivada da hera venenosa 

De acordo com a Cleveland Clinic, os sintomas da hera venenosa quase sempre incluem:

  • Uma erupção cutânea com coceira.
  • Vermelhidão e inchaço.
  • Bolhas.

Além disso, dependendo da sensibilidade da pele, a erupção cutânea pode surgir algumas horas ou dias após o contato inicial com o óleo de urushiol. A intensidade da coceira pode variar e algumas pessoas podem desenvolver uma ou duas pequenas erupções cutâneas, enquanto outras desenvolvem erupções cutâneas por todo o corpo.

A erupção cutânea é caracterizada pela vermelhidão, coceira e inchaço da região. Em casos raros, algumas pessoas podem desenvolver manchas pretas ou estrias na pele, em vez da erupção cutânea comum. 

Ela geralmente ocorre em estágios e atinge o pico dentro de um a 14 dias após a exposição à planta. No entanto, os sintomas podem desenvolver-se até 21 dias após a exposição inicial ao óleo de urushiol para aqueles que nunca tiveram contacto com ele antes.

Os estágios da erupção cutânea da hera venenosa incluem:

  1. Comichão: a pele começa a coçar intensamente.
  2. Erupção cutânea: logo após a pele começar a coçar, a erupção aparece. 
  3. Bolhas cheias de líquido: caso haja o aparecimento de bolhas na pele, elas se abrirão e possivelmente liberarão um líquido.
  4. Crostas e coceira: as bolhas formam crostas, mas ainda causam coceira.

Como tratar a erupção 

Infelizmente, não é possível se livrar da dermatite de contato causada pela hera venenosa em apenas um dia. Porém, após a exposição à planta, é importante seguir os próximos passos: 

  1. Enxágue a pele com água morna e sabão o mais rápido possível, assim você previne que o urushiol se espalhe por outras partes do corpo. 
  2. Lave todas as suas roupas imediatamente. O óleo de urushiol pode grudar nas roupas e, se você tocá-lo novamente, pode causar outra erupção em outra parte da pele. 
  3. Lave tudo que possa ter entrado em contato com o óleo, incluindo animais de estimação, ferramentas de jardinagem e outros. 
  4. Evite coçar, embora seja difícil, a fricção pode causar uma infecção no local.
  5. Não toque nas bolhas e não descasque nem tente remover a pele em processo de cicatrização, ela protege a ferida e previne infecções.
  6. Mantenha a pele limpa e seca e notifique o seu médico se houver sinais de infecção.
Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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