Mesmo em quantidades cinco vezes menores que o considerado seguro, produto é perigoso
Os problemas causados pelo uso de agrotóxicos na agricultura estão sendo gradualmente revelados, o que mostra a importância de, sempre que possível, dar preferência a alimentos orgânicos. Essa é uma questão que não é importante apenas para a saúde, mas também para o meio ambiente.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) corrobora essa necessidade. Foi descoberto que o herbicida sistêmico Diuron Nortox, utilizado em grande escala nas culturas de soja e cana no Brasil, é mais tóxico que o imaginado, causando câncer em ratos mesmo com níveis de exposição cinco vezes menores do que estabelecido como seguro, de acordo com o fabricante.
O trabalho evidencia que, ao ser eliminado pela urina, o agrotóxico ou seus metabólitos causam a necrose do tecido e, consequentemente, câncer na bexiga. Muitos dos efeitos só podem ser percebidos após longos períodos de exposição ao material tóxico.
Em grandes quantidades, o agrotóxico causou, além do câncer, a intoxicação sanguínea dos roedores, proporcionando problemas no funcionamento do baço. Além disso, ratas prenhas transmitiram a intoxicação para a geração seguinte. Já os ratos apresentaram perda de mobilidade de seus espermatozoides.
Pesquisas ainda são iniciais
Os pesquisadores alertam para o fato de ainda ser cedo para afirmar que o Diuron é tão tóxico para os seres humanos quanto é para os ratos. Mas mesmo assim, alertam para os possíveis riscos relacionados ao contato e ingestão desse tipo de produto químico.
O estudo também contou com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Nebraska, nos EUA, e da Agencia de Proteção Ambiental norte-americana (EPA), que classifica o Diuron como um produto carcinogênico.