Aprenda o que é hikikomori, suas características e possíveis causas
Hikikomori é um termo japonês designado para identificar pessoas com uma forma severa de isolamento social. Ele agrega jovens e adolescentes que ficam reclusos nas casas de seus pais ou representantes e que se abstém da participação da sociedade por longos períodos de tempo.
O termo foi concebido em 1998 por Tamaki Saito, um professor de psiquiatria japonês. Ele reúne as palavras “hiki” (se afastar) e “komori” (estar dentro), portanto, hikikomori. Acredita-se que sua aparição coincide com um momento de crise econômica no Japão, onde muitos jovens não foram empregados e permaneceram vivendo com os pais. Muitos desses indivíduos não conseguiram se restabelecer depois do momento de crise e permaneceram isolados por conta de sua intensa vergonha.
Um estudo realizado em 2010 informou que esse tipo de isolamento afeta cerca de 1,2% de jovens, o que equivale a mais de um milhão de pessoas. Depois, em 2015 foi observada a prevalência desse fenômeno em 2,6% da população de Hong Kong.
Visto como um fenômeno mental sociocultural, o hikikomori também está sendo observado em outros locais além do Japão. Por exemplo, uma outra pesquisa realizada da Universidade de Buffalo comprovou que cerca de 2,7% dos estudantes americanos já foram hikikomori.
Sua caracterização vai além da introversão, ele conta com uma isolação aguda onde os pacientes não sentem vontade nenhuma de sair de casa. Especialistas o diferem de ansiedade social, os hikikomori apresentam altos níveis de angústia e sofrimento psicológico, inclusive quando consideram abandonar esse estilo de vida.
Não é claro se o hikikomori é resultado de uma condição mental ou de uma forma extrema de comportamento.
Causas
A condição afeta ambos os sexos e pode ser resultado de experiências sociais desconfortáveis ou de traumas anteriores. Além disso, a vergonha extrema e vulnerabilidade desses jovens podem ser um fator de risco.
Estudos indicam que os hikikomori vem de famílias de média ou alta renda, mas isso só é suportado porque essas famílias têm capacidade financeira de sustentar filhos isolados, quando pessoas de baixa renda são forçadas a trabalhar para sobreviver.
Embora seja similar ao desconforto social apresentado por pacientes com autismo ou transtorno do estresse pós-traumático, mais pesquisas precisam ser feitas para conseguir associar as condições a esse tipo de isolamento.
Um fator de risco para o desenvolvimento do isolamento é a combinação de conquistas decepcionantes com altas expectativas criadas pelos pais ou pela sociedade em geral.
O progresso tecnológico, em conjunto com a urbanização rápida e a decadência de relações sociais estão presentes no Japão e também foram associados ao surgimento dos hikikomori.
Hikikomori na pandemia
Em meados de março de 2020, o mundo entrou em uma pandemia de coronavírus que resultou no isolamento social em massa. Quando a confecção de vacinas aumentou, era esperado que as pessoas voltassem ao seu ritmo normal, engajando em atividades sociais e saindo de casa. Porém, muitos indivíduos permaneceram em suas residências, evitando sair e prevaleceram isolados.
A pandemia afetou a população de formas diferentes. Em um momento repleto de incertezas e que certamente causaram o desenvolvimento de certos traumas, muitos jovens não anseiam a volta para a sociedade.
Tratamento
A natureza do hikikomori é expressada na forma de não pedir ajuda. Porém, formas de tratamento têm sido analisadas para reintroduzir esses jovens na sociedade.
Possíveis tratamentos envolvem terapia sozinha ou com toda a família, atividades físicas e a aproximação gradual de ambientes como o trabalho e a escola.