Hipersexualidade é o termo mais aceito para descrever comportamentos compulsivos, obsessivos e impulsivos que envolvem a sexualidade. Popularmente, é chamado de vício em sexo, ninfomania (no caso das mulheres) e satiríase (no caso dos homens).
Embora nem sempre seja reconhecido como um diagnóstico legítimo, o apetite sexual excessivo tem consequências reais, incluindo um impacto negativo nos relacionamentos, na qualidade de vida e no bem-estar.
A pessoa com hipersexualidade tende a adotar um padrão de conduta sexual similar ao de outros vícios, com sintomas compulsivos, obsessivos e impulsivos em relação ao sexo e ao erotismo, tornando-se incapaz de controlar impulsos sexuais repetitivos e intensos ou impulsos que resultam em comportamento sexual repetitivo.
Em outras palavras, a hipersexualidade é definida como uma falta de controle sobre os pensamentos, desejos e impulsos sexuais. Ainda que os impulsos sexuais sejam naturais a todos os seres humanos, a compulsão sexual interfere na capacidade do indivíduo de viver normalmente sua rotina diária, podendo afetar até mesmo a produtividade no trabalho.
Emocionalmente angustiantes, os comportamentos hipersexualizados podem se manifestar de muitas formas diferentes, incluindo não só a obsessão por fazer sexo várias vezes por semana, mas também a procura exagerada por atos sexuais, prostituição, pornografia, masturbação e voyeurismo, entre outros.
Embora não esteja listada como uma condição diagnosticável no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria, muitos especialistas acreditam que a hipersexualidade pode se desenvolver de maneira semelhante a qualquer outro tipo de vício.
Assim como o alcoolismo ou abuso de drogas, o vício em sexo pode afetar a saúde física, a saúde mental, os relacionamentos pessoais e a qualidade de vida. Ao contrário de alguém com um impulso sexual saudável, uma pessoa viciada em sexo gastará uma quantidade desproporcional de tempo procurando ou praticando sexo, enquanto mantém a atividade em segredo de outras pessoas, como indicam estudos.
Pessoas viciadas em sexo serão incapazes de impedir o próprio o comportamento, a menos que haja algum tipo de evento intermediário. Como resultado, as relações pessoais e profissionais podem ser prejudicadas. Pode até haver um risco aumentado de infecção sexualmente transmissível.
Pessoas com dependência sexual geralmente usam o sexo como uma forma de fuga de outros problemas emocionais e psicológicos, incluindo estresse, ansiedade, depressão e isolamento social.
Existem várias teorias a respeito das possíveis causas de um vício sexual. Algumas delas conceituam o vício em sexo como uma forma de controle de impulsos, transtorno obsessivo-compulsivo ou de relacionamento. Outras incluem também a ideia de que, em alguns indivíduos, os vícios sexuais surgem como consequência e forma de lidar com os primeiros traumas, incluindo o trauma sexual.
Em algumas formas de transtorno mental (como transtorno bipolar), a hipersexualidade pode ser um sintoma. Em certos casos, distúrbios neurológicos (como epilepsia, traumatismo craniano ou demência) podem causar comportamentos hipersexuais. Certos medicamentos que afetam a dopamina também raramente podem ter o mesmo efeito.
Em 2018, a Organização Mundial da Saúde lançou uma nova versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) que incluía, pela primeira vez, o comportamento sexual compulsivo como um distúrbio de saúde mental, definindo-o como um “padrão persistente de falha em controlar impulsos sexuais repetitivos e intensos ou impulsos que resultam em comportamento sexual repetitivos e intensos ou impulsos que resultam em comportamento sexual repetitivo”.
Entretanto, muitos especialistas ainda hesitam em caracterizar níveis ou marcas da sexualidade como patológicos, uma vez que é difícil saber onde traçar a linha entre os impulsos sexuais saudáveis e não saudáveis. Alguns pesquisadores veem essa tendência como um problema de regulação do comportamento, enquanto outros se perguntam se o desejo sexual hiperativo poderia derivar de um impulso sexual mais intenso ou de problemas de controle de impulsos mais abrangentes.
Há ainda especialistas que acreditam que as verdadeiras causas do comportamento incluem estados emocionais, como ansiedade, depressão, transtorno bipolar ou conflitos de relacionamento. Para alguns indivíduos, questões morais, como vergonha e culpa, também podem estar envolvidas.
Um estudo mostrou que homens com vício em sexo apresentam níveis mais altos de ocitocina no sangue, em comparação com homens saudáveis. A descoberta pode ser importante para o tratamento de pessoas com esse transtorno.
Os critérios a seguir podem ser uma forma de identificar uma possível hipersexualidade. Se, por mais de seis meses, você notar algum dos sintomas abaixo, é recomendável buscar ajuda especializada (psicológica e/ou psiquiátrica):
Como mencionado, a hipersexualidade também pode estar ligada à depressão e à ansiedade. Alguns indivíduos podem evitar emoções difíceis, como tristeza ou vergonha, buscando alívio temporário em práticas associadas ao comportamento sexual compulsivo. Os desejos sexuais muito intensos, portanto, podem mascarar outros problemas, como depressão, ansiedade e estresse.
A hipersexualidade requer tratamento de um profissional médico experiente na área, como um psicólogo, psiquiatra ou terapeuta sexual. O tratamento é similar ao de vícios químicos e pode variar com base na causa subjacente, mas normalmente será conduzido em regime ambulatorial com aconselhamento e terapias comportamentais.
Se a condição estiver associada a um transtorno de ansiedade ou transtorno de humor, os medicamentos podem ser prescritos como parte do plano de tratamento. Atualmente, não há recomendações estabelecidas sobre o uso apropriado de medicamentos para tratar um vício em sexo fora do domínio desses transtornos clinicamente classificados.
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