Água na boca será uma das sensações que o público terá ao participar da última mostra do Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp) em 2019, que começa na próxima segunda-feira, dia 9, e vai até o dia 22 deste mês. Intitulada “Histórias de Cozinha“, a mostra vai apresentar filmes que realçam a relação de pessoas de diferentes sociedades com a alimentação. “Fizemos uma seleção diversa, que leva em conta diferentes países fora do circuito Europa e Estados Unidos, bem como a participação das mulheres como cineastas. Queríamos entender como cada cultura se relaciona com a comida”, conta Roberto de Freitas Soares, um dos curadores da mostra, ao lado de Lucas Silva.
“Existe um interesse muito grande das pessoas por esse conteúdo, e uma das propostas da mostra é pensar além do aspecto da culinária”, diz Soares. “Mesmo sendo uma experiência sensorial limitada, por não se sentir cheiro nem sabor, a comida vista nos filmes desperta algumas sensações. Ver a comida satisfaz um pouco o desejo por ela.”
Como normalmente acontece nas mostras do Cinusp, além das produções brasileiras, vieram películas de diversos países, como Estados Unidos, Japão, Índia e México. “Temos também um filme de Israel, em que a comida é vista sob uma ótica mais religiosa”, informa Soares. Ele se refere ao melodrama O Confeiteiro, de 2017.
Alguns títulos dos Estados Unidos se sobressaem, como Ratatouille (2007), vencedor do Oscar 2008 na categoria de Melhor Filme de Animação. Também dos Estados Unidos vem Garlic is as Good as Ten Mothers (1980), um documentário sobre alho.
Soares diz que esse filme é bem excêntrico, pois o documentarista foi atrás de pessoas que cultuam o alho de diversas formas, como alimento, como adorno de chapéu e até como roupa. Segundo ele, o filme mostra a importância do alho não só pelo sabor, mas por questões medicinais e até místicas. “Usam alho até para combater vampiro e demônios.”
Outra produção do exterior presente na mostra é o clássico A Festa de Babette (1987), filme dinamarquês vencedor do Oscar em 1988, na categoria Melhor Filme Estrangeiro. De acordo com o roteiro, o filme aborda a comida como uma forma de prazer material que coloca em risco os ensinamentos cristãos de uma pequena vila conservadora.
Soares lembra que, com o ritmo de vida que as pessoas levam, a relação das pessoas com a alimentação acaba por ser bem pouco refletida. “Não se pensa em como e no que se come. Acredito que esses filmes trazem um olhar mais atencioso e cuidadoso com o alimento”, diz. “Depois de assistir a esses filmes, você sai prestando mais atenção naquilo que está ingerindo.” Para ele, a mostra “lança luz sobre algo que é do cotidiano, mas que não costumamos perceber.”
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