Um levantamento de dados publicado hoje (29) na revista Nature revela as contribuições históricas de gases de efeito estufa país a país, de 1850 a 2021.
O estudo considerou três principais gases contribuintes para o aquecimento global: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). Esses gases são emitidos por atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis, a agricultura e o desmatamento.
Os resultados mostraram que, historicamente, em ordem decrescente de emissão, Estados Unidos, China, Rússia e Brasil são os principais países que contribuíram para as mudanças climáticas, com a Alemanha ocupando a quinta posição, sendo seguida por Indonésia, Índia, Reino Unido, Japão e Canadá.
Ocupando a quarta posição de maior emissor, o Brasil é responsável por 0,08°C do aquecimento induzido por emissões globais dos três gases (CO2, CH4 e N2O) desde 1850. Essas emissões são provenientes, principalmente, do desmatamento e da expansão agrícola desde 1850.
No entanto, o estudo também observa que o Brasil tem feito esforços para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, incluindo a implementação de políticas de conservação florestal e a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis que caminham em direção a uma descarbonização da economia.
Dessa forma, a publicação pode servir como apoio para o monitoramento das emissões de cada país em relação às metas estabelecidas no Acordo de Paris.
Os pesquisadores observaram que houve uma mudança nas contribuições de vários países para o aquecimento global desde 1992. A China, por exemplo, ultrapassou a Rússia e agora é o segundo maior contribuinte para o aquecimento global.
Da mesma forma, a Indonésia ultrapassou a Alemanha e o Reino Unido, garantindo o sexto lugar na lista de principais contribuintes para o aquecimento global.
O estudo também revela que, em 50% dos países do mundo, os setores de uso da terra e florestas continuam a ter um impacto significativo no aquecimento global, representando uma parcela substancial das emissões desde 1850.
No entanto, em muitos países, as emissões de combustíveis fósseis superaram as emissões de uso da terra nas últimas décadas, o que significa que as contribuições adicionais para o aquecimento global foram principalmente causadas por emissões de combustíveis fósseis.
Outra observação importante apontada no levantamento é o fato de que as emissões de gases de efeito estufa de países em desenvolvimento estão aumentando à medida que suas economias crescem, enquanto as emissões de países desenvolvidos estão diminuindo.
Esse dado pode contribuir para o debate sobre as diferenças de políticas climáticas entre o norte e o sul globais.
Entretanto, a revisão não considerou as importações, o que significa que países que são grandes importadores, como os EUA, podem ter sua pegada de carbono subestimada.
Além disso, os pesquisadores não levaram em conta o efeito de resfriamento dos aerossóis de origem antrópica, que é estimado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em 0,4°C, nem o impacto de outros gases emitidos, como clorofluorocarbonos.
Dessa forma, o levantamento de dados não pode ser considerado como uma base de dados completa de todos os fatores que afetam o clima.
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