Hotspot, também chamado de ponto crítico, é um termo em inglês cunhado pelo cientista Norman Myers. O ponto crítico se refere a lugares que possuem uma biodiversidade extremamente rica e, ao mesmo tempo, ameaçada de extinção. De acordo com a organização Conservation International, para uma região ser considerada um hotspot (em português: ponto crítico) de biodiversidade, esta deve obedecer a dois critérios:
Os critérios estão atrelados às plantas, pois estas são cruciais, já que são produtoras primárias, a base de diversas cadeias alimentares, além de servirem de abrigo para outros seres vivos, como aves e mamíferos. Um alto grau de endemismo, por sua vez, é a medida do quão única e insubstituível a biodiversidade de uma região é, devendo esta, portanto, receber especial atenção no que diz respeito a medidas de conservação.
O conceito de hotspot foi sugerido pelo cientista Norman Myers em 1988, a partir da crescente preocupação de ambientalistas e ecologistas acerca da rápida perda de habitats em áreas de grande biodiversidade e endemismo.
A biodiversidade é o que sustenta toda a vida na Terra, inclusive a vida humana, pois sem a diversidade de espécies não haveria alimento, ar ou qualquer condição para manutenção de sociedades. Havendo recursos financeiros e de tempo limitados para a conservação da biodiversidade, a delimitação de hotspots é uma forma estratégica de direcionamento dos esforços para a redução da taxa de extinção da biodiversidade global.
Os hotspots servem ainda como indicadores dos efeitos das atividades humanas sobre o meio ambiente. Hoje existem 36 hotspots (sendo dois destes brasileiros), os quais se encontram nos ecossistemas mais ricos e importantes no mundo e que abrigam muitas populações humanas em estado de vulnerabilidade que têm sua sobrevivência diretamente atrelada à natureza dessas regiões. Para se ter uma ideia, apesar de representarem apenas 2,5% da superfície da Terra, os ecossistemas presentes nos hotspots correspondem a 35% dos serviços ecossistêmicos dos quais essas populações vulneráveis dependem.
Os dois hotspots de biodiversidade no Brasil são o Cerrado e a Mata Atlântica.
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro depois da Amazônia e originalmente cobria uma área de 2.031.990 km². Desta área, apenas 21,3% ainda se encontra intacta. Neste bioma, existem diferentes tipos de vegetação, muito por conta das variadas condições do solo.
O Cerradão é sua única formação florestal, a qual consegue atingir até 7 metros de altura nos solos mais férteis. Já o Cerrado stricto sensu é formado por espécies herbáceas bem desenvolvidas, pequenas árvores e arbustos. Suas outras formações são o campo limpo e o campo sujo, além das matas de galeria.
O clima no Cerrado é tropical, apresentando chuvas concentradas entre abril e outubro. Sua estação seca bem definida é acompanhada de queimadas, naturais e provocadas pelo homem. Estas duas características são relevantes para a ecologia do Cerrado, cujas plantas típicas são próprias de regiões secas e com adaptações ao fogo (árvores com cascas grossas, folhas resistentes e capacidade de regeneração rápida). O fogo tem ainda um papel importante na germinação das sementes de várias plantas da região.
O Cerrado é hoje a mais importante região do agronegócio do Brasil, sendo seu consequente impacto ambiental uma ameaça às mais de 12 mil plantas nativas, das quais mais de 4 mil são endêmicas, aos grandes mamíferos como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), a anta (Tapirus terrestris), o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus), a onça-pintada (Panthera onca) e a jaguatirica (Leopardus pardalis), além de 856 espécies de aves.
A degradação ambiental deste ambiente prejudica ainda as pessoas que dependem de seus recursos naturais, como populações indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos e quebradeiras de coco babaçu.
A Mata Atlântica é composta por uma série de ecossistemas de florestas tropicais da América do Sul, incluindo os manguezais e os ambientes de restinga. Os tipos de vegetação deste bioma são determinados pela altitude que ocupam nesta região de clima tropical, sendo estes as matas de grandes altitudes, as florestas de encostas e as matas da planície costeira. Existem ainda formações mais secas, que são as florestas mistas e as matas semi-decíduas de interior.
De acordo com dados da SOS Mata Atlântica, apenas 12,4% da área original (estimada em 1.200.000 km²) estão intactos. A região que compreende este bioma foi a primeira a ser colonizada e é hoje a de maior adensamento populacional do país, o que exerce grande pressão sobre o bioma. O endemismo da Mata Atlântica é composto pela seguinte quantidade de espécies:
Além desses dois hotspots da biodiversidade brasileira, existem outros 34 hotspots presentes na Terra:
Dentre estes, os Andes Tropicais são o maior hotspot do mundo, com cerca de 1/6 de todas as espécies de plantas do planeta (1).
Ainda que partes desses hotspots se encontrem dentro de áreas protegidas, as mudanças na paisagem ao redor destas afetam sua biodiversidade e funções ecossistêmicas. Sendo necessário, portanto, a ação articulada com outras estratégias de conservação, como o monitoramento contínuo da conservação da biodiversidade (2).
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