Húmus, humo, ou erroneamente escrito, “humus“, é um termo que remonta ao tempo dos antigos romanos, quando era usado para designar o solo como um todo. Hoje, o termo “húmus” designa toda a matéria orgânica estabilizada (que não sofre mudanças químicas ou físicas significativas) presente nos mais diversos tipos de solos (argilosos, arenosos, entre outros).
Ollech, cientista estudioso do tema, definiu o húmus, em 1890, como “todas as substâncias que são formadas na decomposição e fermentação da matéria orgânica de origem vegetal e animal, ou por meio da ação de certos agentes químicos sobre essa matéria orgânica, na forma de compostos orgânicos amorfos [que não tem forma determinada], não voláteis, não gordurosos, mais ou menos escuros”.
Apesar do húmus ser estável, ele não é estático, e sim dinâmico, uma vez que é formado constantemente a partir de um conjunto de materiais resultante da decomposição de resíduos vegetais e animais. A matéria orgânica depositada no solo continuamente é decomposta por micro-organismos e tem suas propriedades físicas e químicas alteradas nesse processo.
A importância do húmus para a o solo é múltipla. Ele fornece nutrientes para as plantas, regula as populações de micro-organismos e torna os solos férteis. O húmus também é fonte de carbono, nitrogênio, fósforo, cálcio, ferro, manganês, entre outras substâncias essenciais para o crescimento saudável dos vegetais.
Ele é capaz de impedir a penetração de substâncias tóxicas do solo nas plantas; retém umidade e mantém a temperatura do solo equilibrada, sendo um tipo de fertilizante orgânico. A função do húmus para a vida aquática vegetal e animal ainda é pouco estudada, entretanto, sua importância é amplamente reconhecida.
O húmus define a cor, textura, estrutura, retenção de umidade e a aeração do solo. Quimicamente, ele influencia a solubilidade de minerais do solo, formando compostos com certos elementos como o ferro, o que os torna mais facilmente disponíveis para o crescimento das plantas e aumenta as propriedades tampão do solo. Biologicamente, o húmus serve como fonte de energia para o desenvolvimento de micro-organismos e melhora o ambiente para ao crescimento de plantas superiores. Entretanto, as funções do húmus para as plantas ainda não foram completamente estudadas pela ciência e, apesar de haver a possibilidade de alguns efeitos prejudiciais do húmus para as plantas, o consenso científico é de que os benefícios superam os malefícios.
Sem os micro-organismos não haveria húmus, e sem húmus a vida no planeta Terra como a conhecemos seria impossível.
São os micro-organismos os principais responsáveis pela formação do húmus a partir de resíduos vegetais e animais. Eles produzem húmus continuamente por meio da decomposição e mineralização (transformação da matéria orgânica em minerais). O papel dos micro-organismos no ciclo da matéria orgânica no solo, bem como na natureza, em geral, é indispensável. Sem a transformação dos restos animais e vegetais em húmus, todos os elementos essenciais ficariam armazenados nesses organismos mortos e não poderiam ser reutilizados.
As formas mais conhecidas de húmus são aquelas encontradas em jardins. Entretanto, existem diferentes tipos de húmus, até mesmo variedades que não são utilizadas para plantio, mas para fins industriais.
O húmus presente no carvão e na turfa é usado como fonte de combustível e tem sido um dos principais agentes no desenvolvimento da civilização industrial moderna. O húmus presente no petróleo, por exemplo, tem uma importante função econômica. Mas, de maneira geral, o húmus é separado em quatro categorias:
Encontrado na vegetação viva, na matéria orgânica recentemente caída (serrapilheira), na turfa, em ervas marinhas em decomposição nas margens dos corpos d’água e onde crescem os fungos.
Geralmente encontrado em um estado ativo de decomposição nas camadas mais profundas do solo, na decomposição de folhas e madeiras de florestas, em estrumes de animais, em turfa de pântanos e em lamas.
É o encontrado nas água dos rios, lagos, nascentes e água da chuva.
É o húmus encontrado sob a forma de lignite, carvão marrom e outros depósitos de carbono, bem como em muitos minerais, como minérios hidratados de ferro e manganês.
“Húmus de minhoca” é a expressão utilizada para designar o húmus resultante da matéria orgânica decomposta por meio do processo digestório das minhocas, formando uma compostagem natural. As minhocas facilitam o trabalho dos micro-organismos fragmentando a matéria orgânica em pedaços menores; e por isso elas têm sido utilizadas como uma forma de potencialização da formação do húmus, prática conhecida como vermicompostagem. Saiba mais sobre esse tema nas matérias:
Por meio da compostagem, é possível transformar todos os resíduos orgânicos produzidos em casa em um húmus muito rico. A vantagem dessa pratica é que, além de adquirir adubo para as plantas, você reduz a quantidade de lixo que seria destinado para aterros e lixões e ainda evita a emissão de gases do efeito estufa para atmosfera. Saiba como fazer seu próprio húmus na matéria:
A contaminação dos solos por metais pesados, como cromo, chumbo e cobre, entre outros, é motivo de grande preocupação para a saúde humana e do meio ambiente. Muitas alternativas já foram testadas para evitar os danos destes metais ao solo e aos lençóis freáticos, mas o húmus revelou-se uma das mais eficientes, já que pode ser feito em casa, com materiais orgânicos e, com a ajuda das minhocas, se tornar um fertilizante para o solo.
De acordo com a dissertação de mestrado do químico Leandro Antunes Mendes, a vermicompostagem, que é o processo de produção do húmus de minhoca, é muito eficaz na descontaminação de solos.
Em uma pesquisa realizada no Laboratório de Química Ambiental do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, com o título de Utilização de vermicomposto com vistas à remediação de solos contaminados com cromo, cobre e chumbo, os testes mostraram que a compostagem pode substituir solventes (poluentes usados na descontaminação de solos que contêm metais pesados). Isso porque o húmus gerado no processo faz com que não ocorra a lixiviação (carregamento das substâncias para o lençol freático), além de fazer com que os metais não fiquem disponíveis no meio ambiente, segundo o pesquisador.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais