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Conheça a ibogaína, um psicoativo usado no tratamento contra o vício

A ibogaína é um psicoativo alcaloide extraído das raízes da planta nativa da África, Tabernanthe iboga (a planta iboga). Historicamente, a iboga foi comumente usada em cerimônias religiosas e medicinais da religião Bwiti da África Ocidental.

A substância pode oferecer diferentes tipos de efeitos dependendo de sua dosagem. Enquanto age como um estimulante suave em pequenas doses, em doses maiores induz um profundo estado psicodélico no usuário. 

Nos Estados Unidos, a ibogaína é considerada uma substância do Anexo I (a mesma categoria que a heroína e a maconha), é controlada, sem benefícios médicos reconhecidos e com alto risco de abuso.

Já no Brasil, a ibogaína não possui avaliação ou aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Por ser produzida fora do país, ela não foi analisada e seu comércio é proibido em território nacional. 

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Uso terapêutico

Diferentes partes da planta T. iboga são utilizadas na religião Bwiti. Por ter um efeito alucinógeno, por exemplo, as raízes e a casca da raiz do arbusto podem ser eficazes em:

  • Reduzir a febre; 
  • Aumentar a excitação ou comportamento sexual; 
  • Restaurar a saúde. 

As folhas do arbusto são consideradas afrodisíacas e, além disso, também apresentam propriedades anestésicas que podem amortecer a dor. 

planta Tabernanthe iboga, da qual a ibogaína é extraída
Imagem editada e redimensionada de Hiobson, disponível no Wikimedia sob a licença CC BY-SA 4.0

Durante as décadas de 50 e 80, a ibogaína foi estudada por seus possíveis benefícios na Europa e nos Estados Unidos. Entretanto, mais tarde, alguns estudos sugeriram que o composto poderia desencadear doenças cardíacas em humanos, por isso não conseguiu emergir como um medicamento convencional, sendo proibida em diversos países. 

Por outro lado, nos anos 80, a ibogaína ressurgiu como uma opção de tratamento não viciante para dependência de drogas e, desde então, vem sido estudada sobre seus possíveis efeitos nos tratamentos de condições neuropsiquiátricas, transtorno do uso de álcool e depressão.

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Uma pesquisa realizada no México investigou as propriedades da ibogaína no tratamento de dependência e abuso de substâncias opiáceas. Nela, 30 pessoas foram analisadas e os resultados indicaram que: 

  • Um terço dos participantes sofreram com recaída no primeiro mês;
  • 60% dos participantes tiveram recaída dentro de dois meses; 
  • 80% dos participantes recaíram após seis meses; 
  • 20% sobreviveram sem as drogas por mais de seis meses sem nenhum cuidado posterior;
  • Quatro dos 30 participantes não recaíram por mais de um ano após um único tratamento com ibogaína

Desse modo, pesquisadores determinaram que esse tratamento não é uma cura para o vício. 

Contudo, um outro estudo pequeno, com 75 participantes, descobriu que o tratamento com ibogaína é eficaz no tratamento do vício quando junto com a psicoterapia. Os participantes, que anteriormente usavam maconha, cocaína, crack ou álcool, receberam um tratamento com o ativo. Foi comprovado que os participantes com um tratamento abstiveram-se do uso de drogas por uma média de 5,5 meses. Enquanto aqueles que receberam vários tratamentos com ibogaína abstiveram-se por uma média de 8,4 meses.

Em geral, estudiosos da área acreditam que as propriedades dessa planta não possuem evidências científicas o suficiente para justificar o uso da ibogaína. Desse modo, mais testes com a administração de placebos devem ser feitos. 

Como funciona? 

Acredita-se que os possíveis efeitos da ibogaína no tratamento do vício são derivados de seus compostos alucinógenos. Alguns alucinógenos, como a ibogaína, podem ativar o receptor de serotonina 5-HT2A (HTR2A). 

A serotonina é um neurotransmissor que pode melhorar o humor, a felicidade e a sensação de bem-estar.

Além disso, uma pesquisa conduzida por cientistas de Yale, UCSF e Duke University revelou que a ibogaína pode bloquear uma proteína chamada transportador de serotonina (SERT) no corpo humano. Essa proteína também é bloqueada por alguns medicamentos antidepressivos, o que demonstra que a substância também pode ser usada no tratamento da depressão. 

Entretanto, os pesquisadores ainda não confirmaram que a ibogaína pode ser utilizada no tratamento da depressão ou mesmo do vício: 

“Algumas pessoas confiam na ibogaína para tratar o vício, mas [ela] não é uma droga muito boa. Tem efeitos colaterais ruins e não é aprovado para uso nos EUA”, disse Brian Shoichet, co-autor do estudo e professor da Escola de Farmácia da UCSF.

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Por isso, desenvolveram um composto sintético que simula os efeitos exercidos pela ibogaína, mas sem os seus efeitos colaterais. De acordo com os cientistas, as substâncias “inibiram o SERT de maneira semelhante à ibogaína, mas, ao contrário do psicodélico, seu efeito foi potente e seletivo, sem impactos de transbordamento em um painel de centenas de outros receptores e transportadores”.

Quais são os efeitos colaterais da ibogaína?

O uso da ibogaína pode oferecer diversos riscos à saúde, incluindo a morte. Alguns dos seus efeitos colaterais incluem: 

  • Complicações cardíacas, como a arritmia; 
  • Convulsões; 
  • Problemas gastrointestinais; 
  • Ataxia. 

É importante notar que, embora algumas pesquisas evidenciem possíveis efeitos positivos do uso da ibogaína e de outras drogas para o tratamento de condições neuropsiquiátricas, a utilização dessas substâncias não é permitida no Brasil e não deve ser feita sem acompanhamento médico em geral.


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