Por Mauro Bellesa em IEA USP – O conjunto de textos reunidos no livro “Amazônia: Alternativas à Devastação”, produzido pelo IEA e lançado este mês, “é uma amostra do que pode ser feito para alterar radicalmente a forma pela qual essa parcela fundamental do território brasileiro é tratada”, afirmam os organizadores da obra, o geógrafo Wagner Costa Ribeiro e o sociólogo Pedro Roberto Jacobi, ambos integrantes do Grupo de Pesquisa Meio Ambiente e Sociedade do IEA e professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (Procam) do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP.
Com oito capítulos escritos por 16 pesquisadores – inclusive Ribeiro e Jacobi – e 147 páginas [veja o sumário abaixo], o livro pode ser baixado gratuitamente. Ele é dedicado à memória da geógrafa Neli Aparecida de Mello-Thery, especialista em políticas ambientais e sustentabilidade que morreu em abril. Ela foi coordenadora do Grupo de Pesquisa Políticas Públicas, Territorialidade e Sociedade do IEA e escreveu um dos capítulos. Texto de Ribeiro sobre o legado acadêmico de Neli em relação à Amazônia e políticas territoriais encerra o livro.
Os temas dos oito capítulos são: o universo de crenças e modos de vida peculiares que demonstram como não afetar drasticamente os sistemas naturais da floresta, a violação dos direitos dos povos amazônicos, os efeitos da dinâmica predatória em Rondônia, a contribuição do desmonte institucional promovido pelo governo para a devastação recorde, a associação do desmatamento ao acesso ilegal de terras e o fato de o país, “apesar da conjuntura adversa que desqualifica a ciência” nele produzida, ter conseguido montar uma estrutura técnica e operacional capaz de monitorar o desmatamento na Amazônia.
Parte dos capítulos são resultantes de exposições feita em seminário com o mesmo título organizado pelo Grupo de Pesquisa em Meio Ambiente e Sociedade em setembro de 2020 (assista aos vídeos do evento – Parte 1 e Parte 2). O evento teve o objetivo de fomentar a discussão sobre formas de combater o desmatamento e apresentar experiências em curso que permitem conciliar atividade econômica com a conservação da biodiversidade e as necessidades das comunidades que vivem na Amazônia.
Na apresentação do volume, Ribeiro e Jacobi ressaltam que a posse do governo de Jair Bolsonaro marcou o início do período (2019-2020) em que ocorreram os maiores índices de desmatamento da Amazônia, “tendência que se mantém em 2021”. Os pesquisadores lembram que o ex-ministro Ricardo Salles deixou o governo em junho de 2020, “após fracassar no controle da perda da floresta”, e que a sucessiva criação do Conselho Nacional da Amazônia Legal, presidido pelo vice-presidente Hamilton Mourão, também não teve sucesso no controle do corte e na queima da vegetação original amazônica.
Sumário do livro “Amazônia: Alternativas à Devastação”
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