A popularização de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) durante 2020 e além contribuiu para novas pesquisas sobre os possíveis impactos sociais desses meios. No entanto, como toda “nova” tecnologia, parte desses efeitos ainda estão sendo descobertos a partir da produção de conteúdos de IA e da análise de seu alcance social.
Embora o uso da inteligência artificial contribua para avanços tecnológicos e sociais e tenha o potencial de trazer benefícios à humanidade, muitas pessoas ainda se opõem a essas ferramentas. Isso se dá, em maior parte, em consequência dos impactos sociais da IA já amplamente debatidos, incluindo a automação de trabalhos executados por seres humanos.
Dados da PwC, por exemplo, enfatizaram que 7 milhões de empregos existentes seriam substituídos por IA no Reino Unido entre 2017-2037. Porém, ao mesmo tempo, acredita-se que a ferramenta também tem a capacidade de gerar empregos.
Segundo a instituição, poderiam ser criados cerca de 7,2 milhões de novos trabalhos, dando ao Reino Unido um aumento líquido de empregos de cerca de 0,2 milhões.
Ambos esses problemas são categorizados como impactos sociais da IA, porém, eles não são os únicos efeitos dessa tecnologia.
Alguns artigos sugerem que parte dos impactos sociais da IA na área da saúde são extremamente positivos. Acredita-se que algoritmos capazes de aprender, raciocinar e aplicar a lógica podem ser usados nos diagnósticos e tratamentos médicos, oferecendo sistemas confiáveis e seguros de prestação de cuidados de saúde.
Isso já foi comprovado através do IBM Watson, um sistema computacional capaz de diagnosticar pacientes com resultados “fascinantes”, segundo Michael Cheng-Tek Tai, autor do artigo “The impact of artificial intelligence on human society and bioethics”.
Além da área de saúde, debate-se que a inteligência artificial possa contribuir para o trabalho humano em geral. De fato, alguns especialistas sugerem que essa tecnologia pode “melhorar a eficiência dos locais de trabalho e aumentar o trabalho que os humanos podem realizar”. (1)
Em vez da automação do trabalho, é debatido que a IA pode corrigir erros e oferecer a aprimoração de afazeres humanos através de sua tecnologia.
Por outro lado, desde o início do desenvolvimento da inteligência artificial e da popularização desses assistentes virtuais, parte da população é acometida pelo medo de ser “substituída” pelas máquinas. Esse medo foi, em parte, concretizado pela automação de inúmeros tipos de trabalho, principalmente na área das artes.
No primeiro semestre de 2023, centenas de escritores e artistas de Hollywood entraram em greve contra seus estúdios. Entre os motivos protestados pelos profissionais, estava o uso de IA para a produção de séries e filmes.
A organização Writers Guild of America (WGA), iniciou a greve após chegar a um impasse nas negociações com a Alliance of Motion Picture and Television Producers, que representa a indústria de entretenimento dos Estados Unidos.
“As demandas do WGA são um indicador de que os trabalhadores não pretendem defender empresas que usam IA para justificar a desvalorização de seu ofício e experiência. O WGA está apontando uma questão importante – quem está se beneficiando do desenvolvimento e uso desses sistemas e quem é prejudicado por eles?”, disse Sarah Myers West, do AI Now Institute, em Nova York.
Além disso, a IA, em alguns casos, não possui policiamento o suficiente para justificar o seu uso em grande escala.
Enquanto alguns algoritmos de IA podem realizar o trabalho humano, a maioria é desenvolvida através da análise de conteúdos originais. De fato, a cópia e a infração de direitos autorais a partir da utilização da IA é uma das questões éticas envolvidas no debate de seus impactos.
De acordo com uma pesquisa encarregada de analisar os impactos da inteligência artificial, “as pessoas têm conversas mais eficientes, usam uma linguagem mais positiva e percebem-se umas às outras de forma mais positiva” através do uso de tecnologias de IA.
Na pesquisa, 219 pares de participantes foram convidados a falar sobre uma questão política. Eles foram divididos em três grupos em que: ambos podem usar respostas inteligentes, apenas um pode usar respostas inteligentes ou nenhum pode usar respostas inteligentes.
Autores afirmam que a tecnologia melhorou a comunicação entre participantes e impulsionou a linguagem emocional positiva.
Contudo, o estudo também ressaltou outro desafio da utilização desses softwares: a aprovação humana. Segundo a análise, participantes cujos parceiros suspeitavam de responder com respostas inteligentes foram avaliados de forma mais negativa do que aqueles que se pensava terem digitado as suas próprias respostas.
Finalmente, é importante considerar ambos os lados positivos e negativos dos impactos sociais da IA. Porém, parte desse debate volta à ética de desenvolvedores e usuários e da necessidade da implantação de regulamentos sobre o uso dessas tecnologias.
Dois professores da Universidade de Michigan – Nigel Melville da Ross School of Business e Shobita Parthasarathy da Ford School of Public Policy – estudaram a ascensão e as implicações da IA. Quando questionada sobre a possível regulamentação da tecnologia, Parthasarathy defende a ideia de desenvolver um sistema de avaliação de risco:
“Se for uma tecnologia de baixo risco, que talvez não tenha um impacto social significativo e não seja realmente utilizada de forma significativa entre comunidades marginalizadas, talvez não exista uma regulamentação extensa. Você pode ter requisitos de transparência e divulgação.
E então aumenta-se o nível de supervisão com base na importância da tecnologia para a sociedade e, em particular, nos impactos diretos que ela pode ter nas comunidades já marginalizadas”, disse no podcast Business and Society with Michigan Ross.
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