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A prefeita de Guarujá ordenou a evacuação das casas em um raio de 100 metros do local do acidente

Imagem: Twitter/BombeirosPMESP / Reprodução

Por volta das 15 horas do dia 14 de janeiro houve um vazamento de gás tóxico na margem esquerda do complexo do Porto de Santos, no litoral do estado de São Paulo. Alguns instantes após o ocorrido, um incêndio se iniciou e atingiu um total de 80 contêineres com diferentes produtos. O fogo ocorreu na Localfrio, no Terminal 1 do porto, que fica no Distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá. Até o dia 15 de janeiro, apesar de controlado o incêndio, os bombeiros ainda trabalhavam para conter o fogo em 16 contêineres.

O incêndio foi detectado a partir do monitoramento realizado por sistemas de câmeras,  por volta das 15h15. Segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), sua brigada de incêndio foi acionada imediatamente para apoiar as operações de combate ao fogo. O Plano de Ação Mútua entre Guarujá, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Cetesb também foi bem sucedido.

A estratégia utilizada pelo Corpo de Bombeiros para evitar mais danos foi de isolar os contêineres com substâncias mais perigosas. Segundo a secretária-adjunta do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Cristina Azevedo, esse método está garantindo o controle do acidente. “Nós estamos tendo sucesso na estratégia adotada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, que é atacar o foco contêiner por contêiner. Porque, dependendo do contêiner, é uma substância diferente que tem ali dentro”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.

A Localfrio opera com cargas frigorificadas. O terminal está localizado na área do porto, mas não abrange a área do cais e não possui interface marítima. As cargas operadas com navios ocorrem, em maioria, através do Terminal de Contêineres da Santos Brasil.

Técnicos da Defesa Civil percorreram diversos pontos da cidade de Santos, entre as 6h30 e as 8h do dia 15, e constataram que a nuvem de fumaça oriunda do incêndio dos itens químicos foi reduzida.”O odor é percebido em nível moderado nas imediações da Estação das Barcas, na Praça da República, no centro”, diz a nota.

De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Guarujá, Ronald Fincatti, foi criada uma comissão, com cinco vereadores, para apurar todos os fatos relacionados ao acidente, assegurar a punição de eventuais culpados e eliminar a possibilidade de ocorrência de eventos semelhantes.

O que aconteceu e do que é feita a névoa?

As causas do incêndio ainda não foram confirmadas. Mas, de acordo com a Cetesb, tudo indica que alguma avaria ou abertura no contêiner permitiu o contato de água da chuva com o dicloro isocianurato de sódio (C3 O3 N3 NaCl2) e a reação química originou as névoas. Cada contêiner continha 20 big bags, com 1 tonelada de produto granulado cada. Contêineres com diversos produtos foram atingidos.

O dicloro isocianurato de sódio é armazenado em estado sólido. Ele é base para a formulação de desinfetantes, sanitizantes, fungicidas, bactericidas e algicidas para o tratamento de água em piscinas, spas, etc. O vazamento do composto é preocupante por se tratar de um produto oxidante, corrosivo, que oferece risco aos olhos e pele, além de ser altamente tóxico quando inalado. O contato do composto com pequenas quantidades de água resulta numa reação exotérmica com liberação de gases tóxicos. Alguns produtos tóxicos decorrentes da decomposição do dicloro isocianurato de sódio são o bicloreto de nitrogênio, cloro e monóxido de carbono.

Os principais sintomas que a inalação pode causar são: dificuldade para respirar, dor de cabeça, irritação do nariz, boca, garganta e pulmões. Em altas concentrações, o produto pode acarretar também queimaduras no trato respiratório com a produção de edema pulmonar, que pode resultar em respiração ofegante, dor no peito e danos às funções pulmonares. Pessoas com doenças respiratórias são mais sensíveis ao efeitos do gás. Caso os sintomas não melhorem, é necessário procurar atendimento médico. As UPAs Boa Esperança, Rodoviária e Enseada estão realizando o atendimento.

Recomendações

Segundo especialistas, as únicas máscaras realmente eficazes são as com filtro. A prefeita de Guarujá, Maria Antonieta Brito, pediu para os moradores evitarem o contato com a névoa, permanecendo dentro de casa, e ordenou a evacuação das ruas compreendidas num raio de 100 metros (determinação da Anvisa), no quadrante entre a Avenida Santos Dumont, Avenida Alvorada, Rua Papa Paulo VI e Avenida Adriano Dias dos Santos, no Jardim Boa Esperança. “A situação é grave. Quem está nos quarteirões próximos ao local deve deixar as casas imediatamente. Os moradores precisam ir para a casa dos vizinhos e ficar longe do local da explosão. Quem estiver em casa, a orientação é pegar panos secos e colocar nas portas e janelas. Não saiam de casa. Se o morador se sentir mal deve procurar a UPA imediatamente. Cuidado com a chuva, porque ela contém elementos químicos e pode queimar a pele”, comunicou a prefeita.

Consequências

Mais de noventa pessoas já foram atendidas com problemas de saúde causados pela inalação da fumaça, em unidades médicas das cidades de Santos e Guarujá até as 8h do dia 15.  Pessoas que moram em Cubatão também foram afetadas. Na pronto-socorro da cidade foram registrados 17 atendimentos de pacientes com sintomas de ardência nos olhos, secura na boca e na garganta.

A fumaça invadiu o Pronto-Socorro de Vicente de Carvalho, por esse motivo, os pacientes lá internados estão sendo transferidos, em conjunto com as equipes e ambulâncias, para a UPA Boa Esperança, na Rua Alvaro Leão de Carmelo, para receber tratamento especializado.

O produto é estável, mas possui alto teor de cloro, que se dissolve na água. Por esse motivo, outro problema será a questão ambiental que virá depois. Especialistas ainda não sabem mensurar qual será o impacto na contaminação do solo e da água. Para verificar se foram causados danos à vida aquática e à qualidade do corpo d’água, técnicos da Cetesb coletaram água do estuário. “Em vistoria realizada por barco, pelo estuário, não foi identificada mortandade de organismos aquáticos”, informou a companhia.

“Estão sendo coletadas amostras da água que está sendo escoada do pátio e da água do estuário. Até o momento, não tem nenhum indício de contaminação no estuário. Mas a gente vai manter esse monitoramento”, afirmou a secretária-adjunta do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Cristina Azevedo. Também será instalada uma estação móvel para medir e monitorar a qualidade do ar em Vicente de Carvalho.

Confira no vídeo imagens do acidente.

Fonte: Prefeitura de GuarujáValorG1

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