Uma doença misteriosa vem devastando o gado na região do Texas, suscitando preocupações quanto à possível disseminação de uma grave epidemia entre humanos. No início de março, cerca de três semanas após os primeiros relatos de doenças entre os animais, um veterinário local entrou em contato com colegas para discutir um surto incomum de gripe aviária H5N1 que estava dizimando leões-marinhos na América do Sul. Os sintomas apresentados pelas vacas leiteiras se assemelhavam aos da gripe.
Os veterinários rapidamente trocaram informações, considerando a possibilidade de a doença nas vacas ser causada pela gripe aviária altamente patogênica (Gaap), comumente conhecida como gripe aviária. A suspeita aumentou ao observar a presença de numerosos pombos mortos nos arredores das fazendas.
O subtipo de gripe aviária, H5N1, alcançou níveis alarmantes, infectando humanos em fazendas leiteiras, com três casos documentados, incluindo um com sintomas respiratórios. A possibilidade de transmissão através da tosse acendeu um sinal de alerta para a propagação entre humanos. Entretanto, as autoridades de saúde ainda não reconhecem amplamente o H5N1 como uma ameaça humana nos EUA.
Especialistas em saúde animal e humana ressaltam a necessidade urgente de ação. A indústria de laticínios, juntamente com agências reguladoras, deve implementar medidas rápidas para prevenir uma epidemia humana. O vírus está cruzando barreiras de espécies, aumentando o risco de uma estirpe adaptada ao homem. Se não forem tomadas medidas proativas, o surto pode evoluir para uma pandemia catastrófica.
Para evitar essa catástrofe iminente, é importante incentivar a testagem dos trabalhadores do setor e das vacas leiteiras. Relatar os resultados dos testes é essencial para rastrear a disseminação do vírus entre humanos e animais. Muitos relatos indicam que trabalhadores do setor têm apresentado sintomas semelhantes aos da gripe, mas continuam trabalhando devido à leveza dos sintomas. Testes rigorosos são vitais para monitorar mudanças no vírus que possam facilitar a transmissão entre humanos.
A indústria de laticínios precisa superar as diferenças culturais e adotar testes e relatórios de gripe em larga escala, semelhantes aos realizados nas indústrias avícola e suína. Tais medidas podem reduzir o risco e o impacto do H5N1 nos rebanhos e prevenir o desenvolvimento de uma estirpe de gripe aviária adaptada ao homem. A complacência diante dessa ameaça é inaceitável, especialmente após as lições aprendidas com a pandemia da COVID-19.
A segurança dos trabalhadores do setor leiteiro é uma preocupação crítica. A interação diária com vacas infectadas expõe esses trabalhadores ao risco de infecção. Além disso, o consumo de laticínios não pasteurizados e a proximidade de animais de estimação com fazendas infectadas aumentam as chances de transmissão do vírus.
Alcançar os trabalhadores agrícolas é desafiador, pois muitos são indocumentados e temem perder seus empregos. Sem falar na saúde dos animais, que vivem sob constante exploração, para não dizer, tortura. Por isso é importante que a sociedade repense seus hábitos de produção e consumo.
Fonte: Scientific American
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