Iniciativa Tamo de Olho lança plataforma para monitoramento de desmatamento no Cerrado

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Por Instituto Sociedade, População e Natureza | A iniciativa Tamo de Olho, composta por diversas organizações socioambientais e que trabalha na identificação e combate ao desmatamento e às violações dos direitos territoriais de povos e comunidades tradicionais do Cerrado, lança site com uma plataforma exclusiva de monitoramento do bioma, neste mês do meio ambiente. A página www.tamodeolho.org.br conta com a nova ferramenta, que oferece recursos avançados para filtrar e visualizar informações importantes sobre os casos de desmatamento e fornece subsídios técnicos para que qualquer cidadão possa fazer denúncias aos órgãos competentes.

O público poderá também acessar informações gerais sobre a atuação da iniciativa, publicações, estudos e outros conteúdos relacionados, tudo com o propósito de fornecer dados precisos e atualizados para a elaboração de estratégias efetivas na identificação de casos prioritários e incidência política e jurídica com foco no Cerrado.

O Tamo de Olho atua em todo o bioma Cerrado, e concentra esforços nos Estados do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), principal fronteira agrícola do Brasil e região mais impactada pelo avanço do agronegócio. A iniciativa trabalha com a utilização de dados de satélite e informações de bancos de dados geoespaciais públicos visando à incidência jurídico-política e suporte às organizações de base na elaboração de estratégias de defesa dos territórios e combate ao desmatamento.

Dados divulgados recentemente mostram que o Cerrado subiu ao topo do ranking do desmatamento no Brasil. Os números são alarmantes, com registros de devastação de 1.326 km² somente no mês de maio. Esse número representa um aumento de 83% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com as informações recentemente divulgadas pelo Sistema DETER, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Neste contexto, povos e comunidades tradicionais, que desempenham um papel fundamental na conservação da biodiversidade e na geração sustentável de renda no bioma, têm seus direitos severamente impactados por conflitos territoriais e de uso dos recursos naturais, como a água. Entre os grupos afetados pela conversão do bioma para expansão agropecuária estão quilombolas, geraizeiros, vazanteiros, ribeirinhos, pescadores artesanais e povos indígenas e outros.

A Plataforma de monitoramento

Com o objetivo de fornecer informações mais abrangentes e fortalecer o trabalho para defesa do Cerrado e dos direitos das populações tradicionais, a nova plataforma “Tamo de Olho” oferece recursos para identificar e priorizar casos de desmatamento no Cerrado. Por meio de mapas interativos ou listas, os usuários podem acessar o ranking de casos, selecionando critérios como localização, período, sobreposição com terras indígenas, quilombolas, unidades de conservação e outras áreas protegidas e muito mais. Além disso, é possível fazer o download de arquivos georreferenciados contendo informações detalhadas sobre os casos de interesse.

Os dados da nova ferramenta são alimentados por diversas fontes, incluindo o MapBiomas Alerta. A plataforma “Tamo de Olho” também realiza um tratamento minucioso das informações coletadas, incluindo a correção de sobreposições nos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para assegurar a precisão das análises realizadas.

A partir de uma seleção feita pelos usuários, os dados do MapBiomas passam por um cruzamento com outras bases de dados, como os da MMA (Ministério do Meio Ambiente); FUNAI (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

Tô No Mapa

Outra importante base de dados utilizada é o Tô No Mapa, aplicativo de automapeamento de territórios de Povos e Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares, que já identificou 241 comunidades.

Sobre o Tamo de Olho

A iniciativa, lançada em 2021, é realizada por meio da parceria entre o WWF-Brasil, o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), a Rede Cerrado, o Instituto Cerrados e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), além da colaboração do Observatório de Conflitos Socioambientais do MATOPIBA.

Saiba mais em www.tamodeolho.org.br


Este texto foi originalmente publicado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.

Thalles Moreira

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