Especialistas alertam que a insatisfação com o corpo pode resultar no desenvolvimento de transtornos alimentares
A insatisfação com o corpo faz parte da imagem corporal negativa, geralmente referindo-se a manter pensamentos ou sentimentos negativos sobre a aparência física. Pessoas que partilham desses sentimentos geralmente possuem discrepâncias entre a percepção do próprio corpo e a ideia de um corpo ideal.
Esse comportamento é perpetuado através de padrões da sociedade, que explicitam a magreza como o tipo ideal de corpo. Entretanto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a autopercepção do tamanho corporal nem sempre está de acordo com as definições clínicas de peso normal, sobrepeso e obesidade.
Não existe um período concreto em que as pessoas começam a demonstrar insatisfação com o corpo. Um estudo de 2010, por exemplo, descobriu que meninas de até três anos mostram preferência pela magreza. Porém, especialistas concluem que esses sentimentos podem levar ao desenvolvimento de transtornos alimentares em qualquer idade.
Insatisfação e comparação
Com os padrões de beleza solidificados na magreza, corpos “ideais” estampam revistas e websites com promessas de dietas e regimes de exercícios que podem levar ao “corpo perfeito”. A visão positiva do público promove cada vez mais essas ações, criando um ambiente propício para o desenvolvimento da insatisfação do corpo.
Muitas teorias concluem que a comparação com os corpos de outras pessoas cria insatisfação com a imagem corporal. Das meninas americanas do ensino fundamental que leem revistas, 69% dizem que as imagens influenciam seu conceito de formato corporal ideal e 47% afirmam que as fotos dão vontade de perder peso.
E, embora esse estudo tenha sido publicado em 2010, acredita-se que as redes sociais tenham impulsionado, ainda mais, esse fenômeno. A rapidez em que as informações são compartilhadas e o algoritmo por trás desses websites contribui para a propagação de ideais impossíveis, o que, consequentemente, leva à comparação.
Perpetuação da insatisfação com o corpo e o desenvolvimento de transtornos alimentares
Os transtornos alimentares ocorrem em aproximadamente 13,1% das mulheres — mas também pode ser desenvolvida por homens, embora a associação ao sexo feminino. Elas são condições psicológicas que afetam a alimentação e resultam em padrões alimentares pouco saudáveis.
Em geral, a prevalência de qualquer transtorno alimentar em mulheres com mais de 40 anos é de aproximadamente 3,5%, com sintomas, como a insatisfação com o corpo, que atingem até 29,3% da população feminina.
Apesar desses transtornos serem associados à adolescência, um estudo publicado na Menopause indica que a insatisfação com a imagem corporal é um fator de risco chave para transtornos alimentares ao longo da vida, especialmente na meia-idade.
“Este estudo mostra que, semelhante a estudos em adultos jovens, a insatisfação com a imagem corporal continua a ser uma característica central da patologia dos transtornos alimentares em mulheres de meia-idade. Especificamente, o medo de ganhar peso e o medo de perder o controle sobre os hábitos alimentares são sintomas centrais dos transtornos alimentares na perimenopausa e na pós-menopausa precoce”, disse a Dra. Stephanie Faubion, diretora médica do NAMS.
Além disso, a exposição ao padrão de beleza da magreza pode infringir danos à saúde mental de um indivíduo, perpetuando alguns sintomas e hábitos resultantes de transtornos alimentares ao longo dos anos.
A insatisfação com o corpo é um transtorno alimentar?
O Children’s Hospital of Philadelphia define a insatisfação com o corpo como “um subcomponente da imagem corporal negativa, geralmente referindo-se a manter pensamentos ou sentimentos negativos sobre a imagem corporal de alguém”. Entretanto, afirma que isso não é o suficiente para ser categorizado como um transtorno alimentar.
O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5), reconhece como transtornos alimentares as seguintes condições:
- Anorexia Nervosa (AN)
- Bulimia Nervosa (BN)
- Transtorno de Compulsão Alimentar
- Transtorno Alimentar Não Especificado (TANE)
- Pica
- Transtorno de ruminação
- Transtorno de ingestão de alimentos esquivo/restritivo (TIAER)
- Outro:
- Dismorfia Muscular
- Ortorexia Nervosa (ON)
Desse modo, a insatisfação com o corpo não é exatamente um transtorno alimentar, e sim uma possível causa ou sintoma dessas condições.
Riscos
Ao considerar a insatisfação com o corpo como um sintoma, ou causa, dos transtornos alimentares, é possível identificar os riscos que esses sentimentos podem causar. Indivíduos insatisfeitos com sua imagem corporal que não buscam tratamento podem sofrer com as consequências de transtornos alimentares, que variam entre um estado nutricional prejudicado e redução do bem-estar.
Segundo uma pesquisa realizada em 2011, os transtornos alimentares estão entre as doenças mentais mais mortais, perdendo apenas para a overdose de opioides. Portanto, adotar uma imagem positiva sobre a imagem física pode prevenir uma maior insatisfação corporal e contribuir para o bem-estar.
Todo tipo de transtorno alimentar pode ser tratado e curado com o auxílio de profissionais da área de saúde. Seja com nutricionistas, clínicos gerais, psicólogos ou psiquiatras.
Os transtornos alimentares podem afetar seriamente a saúde física e mental de uma pessoa, e o tratamento imediato após o reconhecimento desses padrões é essencial para a recuperação do paciente.
Sempre procure auxílio médico. As informações contidas neste site não substituem em hipótese alguma o diagnóstico e tratamento profissional.