Estão abertas, até o dia 15 de agosto, as inscrições para a edição 2016 do Prêmio Josué de Castro (ver serviço, ao final do texto), promovido pelo Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea/SP), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA).
A iniciativa premia ações destinadas à formulação de soluções de combate à fome e para a promoção de segurança alimentar e nutricional. Josué de Castro (1908-1973) foi um médico e intelectual pernambucano cuja vida esteve estreitamente ligada ao combate à fome.
O secretário-executivo do Consea-SP, José Valverde, explica que, atualmente, “o Estado de São Paulo já não tem tanto em sua agenda a problemática da fome”. De acordo com ele, embora o problema ainda persista com menor intensidade, temas como obesidade e o fato de um alimento ser ou não saudável adquiriram grande importância. “Temos hoje uma agenda de segurança alimentar muito capilar, de busca de alimentos que promovam a qualidade de vida, como, por exemplo, os alimentos orgânicos”, avalia.
Josué de Castro dedicou-se de forma profunda ao estudo da fome e da miséria. Escreveu mais de 40 livros, além de inúmeros artigos e estudos. Por sua atuação, teve três vezes o seu nome indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Sua obra mais conhecida é Geografia da fome, de 1946, no qual mapeou a fome no Brasil e indicou os focos das diferentes formas de desnutrição. Na época da ditadura militar instaurada pelo golpe de 1964, Castro foi obrigado a deixar o País. Morreu na França, aos 65 anos de idade.
A primeira edição do prêmio ocorreu em 2009. “Temos, em média, de 30 a 40 inscrições por ano”, informa Valverde. O júri é formado por dez integrantes do Consea-SP, escolhidos entre os 32 membros que o compõem.
Há duas categorias: Melhor Pesquisa Científica e Melhor Programa ou Projeto de Política Pública. Podem participar universidades públicas ou privadas, instituições de pesquisa públicas ou privadas e órgãos públicos municipais ou estaduais de São Paulo.
“Na área de pesquisa científica, recebemos projetos muito interessantes”, afirma Valverde. “Na última edição, por exemplo, o vencedor foi um projeto desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), que lidava com a tecnologia para tornar o broto da batata livre de vírus. Teve como base a agricultura familiar, desenvolvida entre assentados”. Na categoria de programas ou projetos, a vencedora do ano passado foi uma iniciativa da Penitenciária de Avaré, que instituiu uma horta no local.
O secretário-executivo do Consea-SP afirma que uma das estratégias adotadas, neste ano, para estimular a participação tem sido a de contatar universidades privadas, que, muitas vezes, não têm conhecimento da existência do prêmio, assim como sensibilizar prefeituras a darem visibilidade a suas ações. “Contatamos, por exemplo, mais de 20 cursos de Nutrição de universidades privadas”, diz Valverde.
Os vencedores desta edição serão anunciados em 6 de outubro. A cerimônia de premiação ocorrerá no dia 14 de outubro.
O Consea-SP integra a estrutura básica da SAA. Trata-se de um órgão colegiado de caráter consultivo, que presta assessoria ao Governo do Estado. É composto em dois terços por membros da sociedade civil e um terço por integrantes do poder público.
Para o ano que vem, o conselho deverá propor a ampliação do prêmio. De acordo com Valverde, será instalado proximamente um grupo de trabalho para reavaliar as categorias. “Percebemos uma adesão da sociedade e queremos ter duas novas modalidades: uma para organizações não governamentais e outra para povos e comunidades tradicionais (PCT), ou seja, populações quilombolas e indígenas”, diz o secretário-executivo.
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