Projeto-piloto vai rastrear toda a cadeia produtiva do pescado, da origem ao consumidor, com tecnologia desenvolvida pela Embrapa
Por ICMBio | A exemplo de outros produtos agrícolas do país, que contam com rastreabilidade da origem até o consumidor final pelo SIBRAAR, como arroz, açúcar mascavo, frutas, legumes, frangos de corte, chegou a vez do atum. Esse projeto-piloto pretende customizar os sistemas para incluir a rastreabilidade digital do atum, o primeiro pescado rastreado da pesca marinha. Todas as etapas totalmente auditáveis, desde a sua origem, no mar, passando pelo beneficiamento e transporte, até o consumidor final.
Além de beneficiar a economia da cadeia produtiva – abrindo uma oportunidade de negócios com mercados mais exigentes – a rastreabilidade é um passo essencial no caminho pela sustentabilidade da pesca, no Brasil e no mundo.
O projeto de rastreabilidade eletrônica dos atuns e afins para exportação será desenvolvido em uma parceria da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, responsável pelo SIBRAAR (Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade) e da Paiche Consultoria, com o Instituto Chico Mendes através de acordo de cooperação técnica.
Para a analista ambiental Mônica Peres, que coordena a área de Inovação na Pesca do ICMBio Grandes Unidades Oceânicas, a iniciativa é bastante ousada e um grande desafio, mas também um enorme passo para estimular e incentivar a proteção da biodiversidade marinha.
O pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Alexandre de Castro, ressalta a importância de se incentivar uma cultura de rastreabilidade para permitir que os consumidores tenham acesso às informações sobre o pescado que consomem, além de agregar valor competitivo para o setor pesqueiro nacional.
Segundo a consultora da Paiche, Cintia Miyaji, a rastreabilidade na cadeia do pescado é uma exigência de mercados conscientes, de compradores responsáveis e de todos que se preocupam com a conservação dos recursos pesqueiros. O comprometimento de todos nessa iniciativa já é um grande passo para o seu sucesso.
Parcerias pela Conservação
O ICMBio Grandes Unidades Oceânicas – responsável pela gestão ambiental das Unidades de Conservação dos Arquipélagos de São Pedro e São Paulo e de Trindade e Martim Vaz e seus entornos – tem trabalhado em parceria com pescadores, armadores e empresas de pesca, para alcançar um uso efetivamente sustentável das frotas de pesca que trabalham nesses territórios. Todas as iniciativas são especialmente focadas na minimização das capturas acidentais e da mortalidade pós-captura das espécies ameaçadas que interagem com essas pescarias.
O Programa Parceiros nasceu de uma parceria com pescadores e mestres da frota de espinhel pelágico em Natal, foi crescendo, e tem hoje cinco projetos importantes para a conservação: o monitoramento eletrônico da pesca usando câmeras a bordo das embarcações, a rastreabilidade digital do pescado – que será desenvolvida com a Embrapa, e o desenvolvimento de um selo de sustentabilidade focado na proteção de espécies ameaçadas. Essas iniciativas têm um potencial enorme de integrar a proteção marinha, transparência e ganhos econômicos para a iniciativa privada.
Há também um projeto em parceria com o Sindipesca RN para testar e adaptar uma nova metodologia de pesca que evita a captura acidental (ou bycatch) e traz diversos benefícios econômicos para o setor pesqueiro.
Segundo a analista Monica Peres, essas Unidades de Conservação são áreas imensas, inóspitas e extremamente distantes da costa. O Instituto Chico Mendes jamais poderia cumprir sua missão sozinho. Essas iniciativas são todas “ganha-ganha”, onde o setor pesqueiro se beneficia ao contribuir para a proteção ambiental, e estão sendo construídas lado a lado com parceiros de verdade. Sem eles, não existiria o Programa, nem o sonho de transformar essas Unidades em modelos de gestão da pesca pela conservação.
Este texto foi originalmente publicado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), de acordo com a licença CC BY-SA 4.0. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.