Imagem: trabalhador aplicando agrotóxicos (fonte: organicsnet)
Em abril deste ano, o Inca (Instituto Nacional de Câncer), ligado Ministério da Saúde, se posicionou contra o uso de agrotóxicos, ainda mais com a divulgação do aumento do uso no Brasil. A ideia é pressionar governos e entidades a aumentarem a regulação e o controle do uso desse produto e incentivar alternativas sustentáveis.
Desde 2009, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo (estima-se em 1 milhão de toneladas por ano, algo em torno de 5,5 kg de veneno por habitante). O mercado de pesticidas cresceu na última década devido ao uso de sementes transgênicas.
O uso desse tipo de produto, basicamente, pode causar dois tipos de intoxicação:
1. Aguda: dá-se pelo contato direto com o veneno, logo, costuma atingir o trabalhador rural. Pode causar irritação na pele e nos olhos, coceira, vômito, diarreia, espasmos, convulsões e até mesmo morte.
2. Crônica: é uma contaminação que ocorre em longos períodos de tempo com contatos de maneira indireta com o veneno. Ela pode afetar qualquer um. Dentre os possíveis problemas de saúde estão: infertilidade, impotência, aborto, malformações, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e nervoso central, além de câncer.
Há associações bastante contundentes entre exposição a pesticidas e surgimento de linfomas e cânceres de pulmão e de próstata.
O Inca adverte ainda que este mal costuma ocorrer de 20 a 30 anos após a exposição a agrotóxicos, sendo que a explosão de seu uso se deu há cera de 10 anos. Logo, as consequências se farão sentir daqui a 15 ou 20 anos.
A Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (Iarc, na sigla em inglês) classificou cinco agrotóxicos como possivelmente cancerígenos, dos quais três são permitidos no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, pelo menos outras dez substâncias usadas em lavouras brasileiras estão proibidas em lugares como os Estados Unidos e a União Europeia.
Os agrotóxicos não se encontram somente em alimentos in natura, mas também em alimentos industrializados cuja matéria-prima tenha produtos agrícolas que foram expostos aos pesticidas. Também podem estar presentes na carne e no leite de animais que se alimentam de ração com traços de agrotóxicos (por causa da bioacumulação).
Há algumas alternativas, entre elas a agricultura orgânica, que preza pelo equilíbrio ecológico, pela eficiência econômica e sua prática costuma vir acompanhada de regras trabalhistas mais claras, o que fortalece os agricultores.
Apesar das vantagens da prática, ela ainda enfrenta alguns entraves no Brasil, como o excesso de burocracia e poucos incentivos governamentais (isto se agrava ainda mais se lembrarmos que até hoje a indústria de agrotóxicos goza de incentivos fiscais no Brasil).
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Fonte: Inca
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