Modelo com 80% de precisão analisa microexpressões faciais e promete revolucionar cuidados veterinários
Um avanço tecnológico promete transformar o monitoramento de saúde em cabras: sistema de inteligência artificial capaz de interpretar expressões faciais desses animais alcançou 80% de precisão na detecção de dor. Desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Flórida, o modelo automatiza diagnóstico veterinário ao analisar microexpressões como narinas dilatadas e lábios tensionados, superando limitações da avaliação humana.
A dificuldade em reconhecer sinais de sofrimento em animais exige métodos complexos. Tradicionalmente, veterinários analisam fotos ou vídeos manualmente para identificar características específicas, processo sujeito a interpretações subjetivas. Ludovica Chiavaccini, anestesista veterinária e líder do estudo publicado na Scientific Reports, explica que sistemas automatizados eliminam vieses humanos ao detectar padrões imperceptíveis ao olho nu.
Para treinar o algoritmo, a equipe registrou mais de 5.000 imagens de 40 cabras em diferentes condições clínicas. Cada animal foi classificado como “com dor” ou “sem dor” com base em exames físicos e histórico médico. O modelo mais eficaz, testado em vídeos de dois indivíduos não incluídos no treinamento, repetiu o processo com agrupamentos variados, consolidando décadas de experiência clínica em minutos.
Aplicações práticas vão além do consultório. Fazendeiros poderão identificar estágios iniciais de doenças no rebanho, reduzindo perdas econômicas e melhorando o bem-estar animal. Marwa Mahmoud, cientista da computação da Universidade de Glasgow, destaca o potencial da tecnologia para adaptação em outras espécies, desde gatos até pacientes humanos não verbais.
Embora escalas de dor baseadas em expressão já existam para felinos, a versão para cabras é pioneira por incluir animais de diferentes raças, idades e condições de saúde. Chiavaccini relata desafios técnicos, como filmar cabras em movimento em ambientes hospitalares, mas ressalta que soluções desenvolvidas para esses obstáculos podem beneficiar até a medicina humana.
Enquanto médicos buscam iluminação perfeita para exames, pesquisadores veterinários correm atrás de cabras com câmeras na mão. O estudo reforça a importância de investir em tecnologias que unem ética animal e inovação, garantindo diagnósticos rápidos e menos estresse para espécies historicamente negligenciadas pela ciência.