Alemanha investe em tecnologias para impedir que águias-pomarinas voem em turbinas eólicas
Na Alemanha, especialistas procuram novas tecnologias de inteligência artificial para evitar que águias-pomarinas voem diretamente para turbinas eólicas, diminuindo ainda mais sua população. Atualmente, só existem cerca de 130 casais reprodutores da ave sobrevivendo localmente e na natureza, e a expansão de parques eólicas posam como uma ameaça à vida desses animais.
De acordo com conservacionistas, as águias-pomarinas estão desacostumadas com obstáculos verticais. Portanto, voam com a atenção sobre suas presas localizadas no solo, sendo reconhecidas por suas colisões contra turbinas eólicas. Desde 2002, pesquisadores alemães já afirmaram a morte de oito espécies nas proximidades de parques eólicos — um número teoricamente pequeno, mas substancial devido ao estado de conservação do animal na natureza, que vem perdendo sua população total desde a década de 90.
Anteriormente à nova proposta do uso de inteligência artificial nas proximidades dos locais, um ato de conservação da espécie foi responsável pela instalação de fitas vermelhas em volta das turbinas localizadas perto do habitat dos pássaros. Contudo, a nova tecnologia pode ser mais efetiva na prevenção de colisões.
Engenheiros de software da empresa americana IdentiFlight trabalham em uma tecnologia de inteligência artificial envolvendo câmeras capazes de detectar aves da espécie durante seus vôos.
Ao alcançarem uma distância de até 750 metros, as águias podem ser identificadas pelas câmeras, que serão responsáveis pelo alerta das turbinas. Assim, as estruturas terão de 20 a 40 segundos para desacelerar o seu movimento, que é o tempo necessário para que as aves consigam navegar entre as hélices sem o risco de colisão.
A tecnologia foi desenvolvida a partir do uso de milhares de fotos de águias-pomarinas, que foram avaliadas pela inteligência artificial criada pelo grupo. Desde então, a empresa já testou o sistema anti-colisão em seis locais ao longo da Alemanha, com uma eficiência de 90% na identificação das primeiras aves a serem testadas.
Em testes nos Estados Unidos em 2021, a tecnologia da IdentiFlight foi responsável por uma redução de 82% na mortalidade de pássaros ameaçados de extinção. Já na Alemanha, ela segue em fases de testes, mas com sua aprovação estimada para 2023.
A solução também pode auxiliar em questões políticas relacionadas ao Partido Verde Europeu, que defende a conversão à fontes de energias renováveis para diminuir os impactos da crise climática. Solucionando o problema de mortalidade dos animais, seria possível estabelecer que a política ecológica da região é consciente não só pela situação climática, mas também pela conservação da biodiversidade.
A expansão de parques eólicos foi uma das propostas implementadas pelo governo Alemão, com a estimativa de aumentar a eletricidade de fontes renováveis em 80% nos próximos oito anos. Entretanto, até então, a ameaça à vida de diversas espécies de pássaros tornou-se um empecilho na solução ecológica.