Por Mariana Carneiro em Jornal da USP — O aumento dos casos de exposição ao chumbo preocupa profissionais da saúde pública, que temem por uma potencial pandemia silenciosa. O contato com o metal, ainda que em pequenas concentrações, afeta significativamente o desenvolvimento neurológico de crianças e pode prejudicar, também, a saúde de adultos.
“A forma como essa toxicidade se manifesta no organismo depende de fatores como a idade, dose, frequência da exposição, aporte nutricional, genótipo e outras características do ambiente”, conta Kelly Polido Kaneshiro Olympio, professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e responsável pelo projeto de criação de um site educacional para informar crianças e seus pais sobre os perigos do chumbo. Segundo a docente, a conscientização se faz necessária devido à quantidade de objetos do cotidiano que podem apresentar o metal em sua composição: utensílios de cozinha, tintas, brinquedos em praças e parquinhos, maquiagens, joias e bijuterias são alguns exemplos.
Kelly conta que a maioria das crianças com níveis detectáveis de chumbo no sangue não apresenta sintomas visíveis ou evidentes, o que dificulta o diagnóstico da doença e atrasa seu subsequente tratamento. Em 2020, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou um estudo reportando que a intoxicação pelo metal, além de infringir todos os objetivos para o desenvolvimento sustentável estabelecidos pela instituição, afeta cerca de 800 milhões de crianças ao redor do globo: número equivalente a um terço da população infantil mundial.
“Se você acredita que seu filho pode ter sido exposto ao chumbo, procure um médico de confiança para realizar uma testagem do sangue. Não há níveis seguros de exposição ao metal em crianças”, diz. O período de amadurecimento do organismo vivenciado pelos pequenos, bem como seu baixo peso em comparação aos adultos, são fatores de risco para a presença de sequelas decorrentes da intoxicação. “Quase todos os sistemas do corpo podem ser lesionados pela exposição a chumbo, e já é demonstrado que ele afeta a capacidade de prestar atenção, o desempenho na escola, e causa comportamento agressivo e antissocial”, assinala Kelly.
A prevenção primária, ou seja, a adoção de medidas precedentes à contaminação, é apontada pela professora como a estratégia mais eficaz de combate à doença: “A melhor forma de proteger nossas crianças é através da remoção de todas as fontes de chumbo no ambiente”, diz Kelly, que traz uma lista de recomendações para auxiliar pais e responsáveis com a tarefa:
Detalhes estão disponíveis no site https://www.fsp.usp.br/prevencao-da-contaminacao-por-chumbo/, que também conta com jogos e informações dispostas de forma lúdica para a conscientização de crianças.
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