A inversão dos polos magnéticos da Terra, também chamada de inversão geomagnética, é a mudança de orientação do campo geomagnético terrestre. Ela ocorre de tal forma que os polos, Norte e o Sul magnéticos, são invertidos.
Durante a mudança, há um declínio da intensidade do campo magnético, que se recupera rapidamente após a nova orientação ser estabelecida. Estudos afirmam que esse evento costuma ocorrer em uma escala de tempo de dezenas de milhares de anos. Ele pode ser extremamente prejudicial para a vida na Terra.
Para entender o fenômeno da inversão magnética, é importante compreender o funcionamento do campo magnético terrestre. Ele é resultado do movimento do ferro líquido no núcleo da Terra, formando um campo com dois polos magnéticos opostos. Logo, o Norte magnético localizado no Sul geográfico, e vice-versa. Dessa forma, ele é uma região onde as cargas elétricas em movimento estão sujeitas à ação de uma força do campo, mudando suas trajetórias.
Mas, o que pode acontecer caso ocorra uma inversão dos polos? A última inversão dos polos magnéticos da Terra ocorreu há aproximadamente 42 mil anos e gerou graves mudanças ambientais para o planeta. Algumas delas foram:
Durante a ocorrência desses eventos, a vida na Terra foi exposta a uma grande quantidade de luz ultravioleta. No último deles, os Neandertais e a megafauna foram extintos, enquanto os seres humanos modernos ficaram dentro de cavernas para se proteger.
O polo norte magnético, sentido em que a agulha da bússola aponta, não tem localização fixa. Na realidade, ela normalmente oscila perto do polo norte geográfico ao longo do tempo em função dos movimentos dentro do núcleo do planeta.
Por razões que ainda não estão totalmente entendidas, os movimentos dos polos magnéticos às vezes podem ser mais extremos do que uma simples variação. Uma das migrações mais notáveis desses polos aconteceu há aproximadamente 42 mil anos e é conhecida como o evento Laschamps. O nome é em homenagem à cidade francesa onde foi descoberto.
O evento Laschamps tem sido observado em todo o mundo, inclusive a ocorrência foi verificada na Tasmânia, Austrália. Contudo, não estava claro se essas mudanças magnéticas tiveram algum efeito no clima e na vida no planeta. Nesse sentido, uma pesquisa reuniu várias evidências, demonstrando que os efeitos foram globais e de grande alcance.
Para investigar o que ocorreu com a reversão dos polos, pesquisadores analisaram as antigas árvores kauri da Nova Zelândia. Elas foram preservadas em turfas e outros sedimentos por mais de 40 mil anos. Usando os anéis de crescimento anual das árvores kauri, eles criaram uma escala de tempo detalhada de como a atmosfera terrestre mudou durante esse período.
As árvores revelaram um aumento prolongado nos níveis de radiocarbono atmosférico causado pelo colapso do campo magnético da Terra quando os polos inverteram. Isso forneceu uma maneira de vincular com precisão registros muito dispersos geograficamente. Usando a escala de tempo criada, os pesquisadores mostraram que os cinturões de chuva do Pacífico tropical e os ventos ocidentais do Oceano Antártico mudaram ao mesmo tempo. Assim gerando condições áridas em locais como a Austrália.
Por sua vez, uma variedade de megafauna foi extinta. Mais ao norte, a vasta camada de gelo Laurentide cresceu rapidamente no leste dos Estados Unidos e no Canadá. Enquanto isso, na Europa os Neandertais foram extintos.
Eles investigaram o impacto de um campo magnético mais fraco e as mudanças na força do Sol. Enquanto trabalhavam com um programa computacional que simulava interações globais entre a química. Vale ressaltar que, durante a inversão magnética, a intensidade do campo caiu para menos de 6% do que é hoje. Uma bússola daquela época teria dificuldade em encontrar o norte.
Na simulação, foi possível entender como seria o mundo sem o magnetismo. Sem nenhum campo magnético, nosso planeta perdeu completamente sua proteção contra a radiação cósmica. Por isso, muitas partículas espaciais entraram na parte superior da atmosfera.
Além disso, o Sol experimentou vários “grandes mínimos solares”, durante os quais a atividade foi muito menor, mas também mais instável. Logo, mandando inúmeras explosões solares que permitiram que poderosos raios cósmicos ionizantes atingissem a Terra.
Os modelos mostraram que essa combinação de fatores teve um efeito amplificador. Raios cósmicos de alta energia da galáxia e também enormes explosões de raios de erupções solares foram capazes de penetrar na alta atmosfera. Eles carregavam as partículas no ar e provocavam mudanças químicas que causaram a perda de ozônio estratosférico, elemento formador da camada de ozônio.
As simulações entre química e clima são consistentes com os movimentos ambientais observados em muitos arquivos de mudanças climáticas naturais. Essas condições também teriam espalhado os espetáculos de luzes da aurora pelo mundo. Por fim, os pesquisadores indicaram que as mudanças e os altos níveis de radiação ultravioleta levaram os primeiros humanos a buscar refúgio em cavernas. Isso explica o florescimento repentino da arte rupestre em todo o mundo há 42 mil anos.
Segundo especialistas do Modelo Magnético Mundial, o polo norte magnético da Terra está mudando rapidamente. No entanto, eles sugerem que não há indícios de que uma inversão dos polos magnéticos esteja acontecendo. Os especialistas afirmam que essa movimentação do polo norte magnético da Terra afeta as bússolas, impactando apenas a navegação e a aviação na região do Ártico.
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