População precisa pressionar chefes de Estado durante a COP26 para reduzir uso de combustíveis fósseis e desmatamento
O novo relatório sobre o clima, publicado hoje (9) pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), revela que a humanidade fracassou em conter as mudanças climáticas.
O estudo elaborado por 234 autores de 66 países concluiu que o colapso ambiental já começou e não pode ser freado, independente do que façamos.
De acordo com os cientistas, a única saída viável é reduzir as emissões de gases de efeito estufa para evitar piores cenários. Os principais culpados? O uso de combustíveis fósseis e o desmatamento causado por atividades humanas, como a pecuária.
A previsão é de que todas as regiões do planeta, com suas peculiaridades, enfrentarão eventos extremos como secas, ciclones, incêndios florestais, chuvas torrenciais, nevascas e ondas de calor.
Nos últimos dias, algumas populações já começaram a vivenciar amostras do pior que está por vir. No último final de semana, na ilha de Evia, na Grécia, pessoas tiveram que ser retiradas às pressas de suas casas em uma balsa, após incêndio florestal generalizado.
Existe saída?
De acordo com o relatório do IPCC, reduzir as emissões não terá efeitos visíveis na temperatura global anos próximos 20 anos. Mesmo mantendo a temperatura global controlada, os níveis dos oceanos continuarão aumentando nos próximos 2 mil anos.
O nível médio global do mar aumentará cerca de 2 a 3 metros se o aquecimento for limitado a 1,5ºC, 2 a 6 metros se limitado a 2ºC e 19 a 22 metros com 5ºC de aquecimento. Do pior ao melhor cenário possível estimado pelos cientistas, a temperatura da superfície estará aquecida.
Para o Brasil, a previsão é de secas extremas na região nordeste e de chuvas torrenciais, com aumento de deslizamentos de terra, no sudeste.
É certo que vamos enfrentar eventos climáticos extremos mais perigosos e destrutivos do que jamais vivenciamos, a única saída possível é investir muito em resiliência, principalmente para as populações mais vulneráveis.
Se o mundo conter as emissões no mesmo nível durante toda a década de 2020, será possível, ao menos, limitar o aquecimento a 1,5°C até o final do século. Mudanças de pequena escala não serão suficientes, serão necessárias ações de grande escala.
Por isso, os chefes de Estado e os diplomatas que se reunirão a partir de 31 de outubro em Glasgow, para a Conferência sobre Mudança Climática da ONU (COP26), na Escócia, precisarão aumentar radical e imediatamente a ambição das metas nacionais de corte de gases de efeito estufa. Cabe à população pressionar para um futuro menos hostil.