Em um novo estudo publicado no Proceedings of the Royal Society B, cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, descobriram que os jardins são essenciais para a sobrevivência de animais polinizadores. Segundo o estudo, esses espaços podem fornecer entre 50% e 95% do néctar total a insetos polinizadores quando o néctar é escasso em terras agrícolas.
“É um fato que os jardins e as áreas urbanas podem ser excelentes locais para polinizadores como abelhas, moscas e borboletas. Na verdade, pesquisas anteriores mostram que as cidades têm frequentemente mais tipos e números de polinizadores do que as áreas agrícolas.
“Há também evidências de que as populações de polinizadores são mais saudáveis nas zonas rurais quando estão perto de pequenas cidades ou aldeias, por isso sabemos que os jardins são bons para os polinizadores, mas não compreendemos completamente porquê.
“Nosso estudo teve como objetivo descobrir exatamente o que há nos jardins que os torna tão benéficos para os polinizadores”, explica o autor principal do estudo, Dr. Thomas Timberlake.
Para chegar a essa conclusão, a equipe analisou a quantidade de néctar disponível em jardins e terras agrícolas ao longo do ano. E, embora fosse constatado que os jardins forneçam menos de 15% de néctar nas zonas rurais, os pesquisadores concluíram que o fornecimento de néctar dessas áreas é crucial para a sobrevivência dos polinizadores.
Isso se dá porque o néctar proveniente de terras agrícolas quase desaparece durante certos meses, particularmente no início da primavera e no final do verão, enquanto os jardins continuam produzindo-o com estabilidade e continuidade durante o ano todo.
No caso do Reino Unido, por exemplo, cerca de 90% das terras agrícolas são localizadas a cerca de um quilômetro de um jardim. Isso significa que jardins domésticos são de fácil acesso aos polinizadores que habitam áreas agrícolas, podendo contribuir para o suprimento de néctar que precisam.
Diante das novas descobertas, os especialistas da Universidade de Bristol continuarão com pesquisas nessa mesma área. Desse modo, poderão contribuir com informações cruciais para prevenir o declínio de polinizadores.
Em geral, já foi comprovado que o cultivo de plantas nativas pode ser essencial para esses animais. Os polinizadores regionais co-evoluíram com plantas nativas ao longo do tempo, resultando em um tipo de relacionamento de mútuo benefício. Portanto, a interação entre ambas as espécies acaba sendo mais bem-sucedida em comparação com espécies não-nativas.
Porém, a pesquisa salienta a importância da manutenção de áreas verdes, tanto em zonas rurais quanto zonas urbanas. Além disso, ela promove uma ação individual no combate da perda de diversidade.
“Muitas pessoas sentem-se impotentes quando se trata de combater a perda de biodiversidade, pensando que é um problema grande demais para ser resolvido por si próprios. Mas o nosso estudo mostra que os cidadãos individuais podem fazer uma grande diferença”, explica Timberlake.
“As pessoas podem apoiar os polinizadores nos seus jardins e nas terras agrícolas circundantes, simplesmente certificando-se de que o seu jardim tem flores amigas dos polinizadores que florescem durante todo o ano – especialmente no início da primavera e no final do verão, quando os polinizadores estão mais famintos”, continua o especialista.
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