Joy of missing out: o que é JOMO?

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JOMO é a sigla para a expressão inglesa “joy of missing out”, que, em tradução livre, significa “prazer em perder”. Ela é atribuída a um tipo de felicidade devido à ausência de um evento ou experiência, em que o indivíduo não é acometido à ansiedade comum de perder momentos sociais. 

Desse modo, é muitas vezes usado como o oposto de FOMO (fear of missing out, ou medo de ficar para fora), a ”apreensão generalizada de que os outros possam estar tendo experiências gratificantes das quais alguém está ausente”. O termo foi criado em uma pesquisa do Dr. Dan Herman, em 1996. 

Em consequência da popularização da síndrome de FOMO, algumas pessoas começaram a notar sentimentos opostos em perder eventos ou experiências sociais. Foi então que o termo JOMO foi desenvolvido e cunhado pelo blogueiro e CEO de tecnologia Anil Dash em um post sobre como ele se relaciona menos com o FOMO desde que se tornou pai.

Desde a sua criação, o JOMO é visto como um movimento de aceitação e contentamento dentro da solitude. 

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A liberdade em dizer não 

Em geral, o JOMO deriva do estabelecimento de limites de um indivíduo. A arte de dizer “não” aos convites e experiências pode ser difícil, porém, ao estabelecer limites sociais, você pode se dar a liberdade de perder alguns compromissos, principalmente ao priorizar um tempo sozinho para recarregar sua “bateria social” e cuidar de sua saúde mental. 

Muitas vezes, o simples ato de dizer não pode ser visto como uma técnica de autopreservação e amor próprio.

Porém, para aproveitar ao máximo e preservar os sentimentos de felicidade dentro do JOMO, é necessário entrar nesses momentos de autocontemplação da maneira certa. Assim, você evita a ansiedade e as emoções características do movimento contrário, o FOMO. 

Como praticar o JOMO

Muitas vezes, é difícil evitar os sentimentos negativos de ansiedade, estresse, e às vezes tristeza, associadas ao “medo” de perder alguma coisa, como eventos sociais, reuniões ou saídas com pessoas queridas. Por isso, para se contentar com a solitude, é necessário seguir alguns passos.

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Desconecte-se

De acordo com uma análise publicada no World Journal of Clinical Cases, o termo “fear of missing out” ganhou força em 2004, o ano de lançamento do Facebook. 

Isso reforça o poder das redes sociais em fenômenos associados à saúde mental. A internet e plataformas como o Instagram e o Facebook, por exemplo, proporcionam o compartilhamento do destaque da vida das outras pessoas, o que, em resultado, impulsiona a comparação. 

Estar conectado o tempo todo e o uso excessivo de redes sociais podem ter um impacto negativo na qualidade de vida. Portanto, desligar o celular pode impedir esse tipo de comparação e evitar a ansiedade derivada do FOMO. Para conseguir desenvolver a liberdade do JOMO, em vez disso, tente passar um tempo sozinho lendo um livro, praticando yoga ou outras atividades relaxantes que você realmente gosta e que não requerem a companhia de aparelhos tecnológicos. 

Foto de Yahdi Romelo na Unsplash

Viva no presente

A mentalidade do JOMO envolve se desprender da expectativa de sempre estar em movimento, fazendo algo ou aproveitando cada momento. E, embora esse aproveitamento seja essencial, ele pode ser distante distante da correria do dia a dia. 

Viva um dia de cada vez, priorizando o bem-estar e o fluxo normal da vida. Faça o que tiver que fazer, mas tente não ir além, se for possível. Tire esse tempo para focar em cuidados próprios e aproveitar a solitude de um dia calmo no presente. 

Além disso, viver no momento e desacelerar também pode te tornar mais criativo, algo que pode ser canalizado para outros aspectos de sua vida.

Aproveite a vida real

Em vez de tentar documentar todos os momentos do seu dia para todo mundo ver, tente passar um dia “tech free”, ou livre de tecnologias. Mesmo que você se sinta fora do mundo conectado e preocupado com o que falarão sobre você, desconecte-se e viva do jeito que você realmente gosta, seguindo seus próprios desejos sem se preocupar com a sua “imagem digital”. 

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JOMO não é solidão 

Uma pesquisa da Washington State University comprovou que muitas pessoas com a mentalidade JOMO, na verdade, também relatam altos níveis de ansiedade social. De acordo com Chris Barry, líder da pesquisa e professor de psicologia da WSU, alguns indivíduos praticam esse mindset apenas para evitar a socialização. 

“Em geral, muitas pessoas gostam de estar conectadas. Ao tentar avaliar o JOMO, descobrimos que algumas pessoas estavam gostando de perder, não pela solidão ou por uma experiência calmante e zen de poder se reagrupar, mas mais para evitar a interação social”, disse o especialista.

De 500 participantes, apenas 10% não relataram sentimentos de ansiedade social. E, mesmo assim, embora distantes dos sentimentos de ansiedade, essas pessoas ainda relataram alguns sentimentos moderados de solidão.

Portanto, é necessário distanciar o JOMO da solidão. Aproveitar o tempo sozinho não significa evitar contextos sociais por medo, e sim achar contentamento dentro de experiências mais “calmas”. Você não precisa estar sozinho para experimentar o JOMO

Se estiver passando por momentos difíceis, em que não sente vontade de se conectar com pessoas fora da internet, procure ajuda. Visite um profissional da saúde mental e relate seus problemas. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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