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Entenda como o kudzu se tornou uma planta invasora nos Estados Unidos

O kudzu (Pueraria montana var. lobata) é uma trepadeira perene de folhas trifolioladas da família Fabaceae — a família dos legumes. Nativa de partes da Ásia, principalmente países como o Japão, China e Taiwan, a trepadeira foi introduzida em diversos países como uma planta ornamental. 

A espécie é conhecida por seu crescimento rápido, podendo atingir até 18 metros durante uma única estação e até 30 centímetros durante um único dia no início do verão. Essa característica é concedida através das raízes do kudzu, que podem atingir uma profundidade de 3,6 metros em áreas e pesar de 90 a 130 quilos.

Ela cresce em uma ampla variedade de tipos de solo e possui uma relação simbiótica com bactérias fixadoras de nitrogênio, o que pode ajudar a explicar seu crescimento bem-sucedido em locais fortemente erodidos.

Embora nativa da Ásia, a sua popularidade é intensa nos Estados Unidos, onde foi introduzida em meados de 1800. Porém, isso se deu a outra característica da planta — sua resiliência, resultando na criação de uma das espécies de plantas mais invasivas do país. 

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História do kudzu 

Existem aproximadamente 15 espécies de kudzu (da espécie Pueraria) conhecidas no mundo todo, todas nativas da Ásia. Historicamente, a planta foi amplamente utilizada por diversas culturas, com inúmeros propósitos que variam entre medicinais, têxteis e alimentícios. 

Na China, por exemplo, a trepadeira foi usada por mais de 2 mil anos na medicina tradicional para o tratamento de condições como febre, diarreia e até diabetes e doenças cardíacas. A raiz era utilizada em sua forma natural, que é semelhante a um tubérculo. 

Atualmente, a planta é comumente comercializada como um suplemento de ervas, ou em forma de chá, devido aos seus possíveis benefícios à saúde. Um dos benefícios mais conhecidos da trepadeira é que ela pode reduzir a dependência relacionada ao consumo de álcool, com algumas pesquisas comprovando a sua eficácia. 

Como se tornou uma planta invasiva? 

Introduzido nos Estados Unidos em 1876 como uma exibição na Exposição Japonesa da Exposição do Centenário da Filadélfia, o kudzu foi, em primeira instância, apenas uma herança japonesa no país. Após a sua primeira exposição, ela foi vista e vendida como uma planta ornamental em estados do sul do país durante o século 19. 

Em 1905, o uso da trepadeira foi estendido para uma forragem barata para o gado.

Foi só na década de 30 que a espécie começou a ser utilizada com outros propósitos, o que impulsionou a sua popularidade. O Serviço de Erosão do Solo (mais tarde renomeado Serviço de Conservação do Solo e agora Serviço de Conservação de Recursos Naturais) dos Estados Unidos, em 1933, foi encarregado de reduzir a erosão do solo causada por práticas agrícolas inadequadas no sul do país. 

Cerca de 85 milhões de plantas kudzu foram distribuídas aos agricultores locais devido ao seu potencial de diminuir a erosão e de introduzir nitrogênio no solo. Entretanto, o plano da instituição só veio a prosperar quando foram oferecidos US$ 8 por acre como incentivo para os agricultores plantarem kudzu em suas terras.

Acredita-se que cerca de 3 milhões de acres de kudzu foram plantados no sul dos Estados Unidos até 1946. 

Inicialmente, a planta foi bem recebida no país, onde foi tema de inúmeros festivais e clubes em sua honra. Entretanto, no início da década de 1950, a trepadeira havia se tornado um incômodo para inúmeros agricultores locais devido ao potencial invasivo da espécie. 

O clima do sul dos Estados Unidos apenas contribuiu para a proliferação da espécie. Ela se espalhou rapidamente por todo o território devido à longa estação de crescimento, ao clima quente, às chuvas abundantes e à falta de doenças e insetos predadores.

A propagação descontrolada da espécie fez com que ela fosse introduzida na Lista Federal de Ervas Daninhas Nocivas em 1970. E, embora tenha sido removido da lista, estima-se que o kudzu cobre mais de um quarto de milhão de acres no Alabama. 

Qual o problema do kudzu? 

O kudzu é uma planta invasora nociva devido ao seu rápido crescimento. A rapidez com que se propaga pode causar inúmeros problemas para a biodiversidade, competindo com plantas nativas, até árvores, cobrindo a flora e impossibilitando a fotossíntese das espécies. 

A perda de plantas nativas prejudica outras plantas, insetos e animais que se adaptam ao seu lado, levando a efeitos em cascata em todo o ecossistema.

uma colina coberta por kudzu
Imagem editada e redimensionada de Katie Ashdown, disponível no Flickr sob a licença CC BY 2.0 DEED

O potencial da planta na construção civil 

Devido à propagação intensa do kudzu, os esforços para removê-lo do ambiente em que se instala são, na maioria das vezes, malsucedidos. Entretanto, a sua resiliência inspirou dois arquitetos dos Estados Unidos, Katie MacDonald e Kyle Schumann, à possível criação de um material de construção à base da planta. 

“Estávamos pensando na robustez. É realmente um material persistente – foi isso que o tornou uma espécie invasora tão desafiadora. É muito difícil de cortar, rola tão rápido que se enreda nas coisas”, disse MacDonald.

De acordo com os especialistas, o kudzu pode ser uma alternativa mais sustentável à fibra de carbono, utilizada na construção civil no reforço estrutural de construções já existentes.

A construção civil é, no total, responsável por cerca de 27% de todas as emissões globais de gases do efeito estufa. Portanto, encontrar materiais sustentáveis para substituir os convencionais é uma ótima opção para diminuir os impactos dessa indústria. 


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